Perante o momento preocupante da pandemia em Portugal, a ministra Marta Temido pediu aos hospitais de Lisboa que disponibilizassem já nesta fase todas as camas que ainda têm por ocupar com doentes Covid-19. Segundo o Diário de Notícias, a ministra da Saúde reuniu-se na passada quarta-feira de manhã com as administrações hospitalares lisboetas no seguimento do episódio da falta de oxigénio no Hospital Amadora-Sintra e do crescente número de novos casos e internamentos.

De acordo com o DN, o objetivo dessa reunião prendia-se com a avaliação da capacidade dos hospitais desta região e culminou com o apelo de Marta Temido. A posição da ministra terá sido mais direcionada para hospitais como o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Centro e Lisboa Norte (CHULC e CHULN), que integra os hospitais da capital que ainda não atingiram a sua taxa de esforço — a 22 de janeiro registavam, por exemplo, indicadores de 25% e 32,1%, respetivamente, isto enquanto unidades na periferia já estavam acima dos 40, 50, 60 e 70 porcento.

Na passada quarta-feira também foi tornado público o conteúdo de uma carta conjunta, assinada por sete conselhos de administração hospitalar — do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, Hospital de Setúbal, Hospital Garcia de Orta, Hospital Fernando Fonseca, Hospital Vila Franca de Xira, Hospital de Cascais e Hospital Beatriz Ângelo, em Loures — endereçada à ministra da Saúde e à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).

Covid-19. Administrações de sete hospitais de Lisboa criticam distribuição de doentes

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Nela está presente uma crítica subliminar — os signatários recusam “”visar ninguém nem nenhuma instituição mas, apenas, elevar a capacidade e a qualidade de resposta dos hospitais públicos da região” —  à gestão feita pela ARSLVT, principalmente, que tarda em instigar o CHULC e o CHULN a apoiarem mais os hospitais da periferia, que já estão praticamente em rutura.

Até ontem, o Amadora-Sintra era o hospital da região de Lisboa com mais doentes Covid: 363, até terça-feira à noite, o que representava um aumento de 400% desde 1 de janeiro. O Garcia de Orta tinha 220 doentes (192 internados em enfermaria, 20 em unidade de cuidados intensivos e oito em hospitalização domiciliária). O Beatriz Ângelo tinha 265 doentes (243 em enfermaria, todos adultos, e 22 em UCI). O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, tinha 287 doentes internados (233 em enfermarias e 54 em UCI, estando quase nas 300 camas). O CHULC tinha 284 internados, 55 destes em UCI. Ao todo, uma capacidade de 302 camas, contando com as que estão destinadas aos infetados na área da pediatria e às grávidas.

O DN avança ainda que tanto o CHULC como CHULN já se estão a preparar para abrir mais camas nas próximas horas e dias. No caso do Lisboa Central, deverá ser aberta mais uma enfermaria no Curry Cabral e mais camas em UCI, enquanto o CHULN deve abrir uma enfermaria com mais de 20 camas, mais camas em UCI e mais espaço na urgência covid, onde estão a terminar as obras.