Cerca de 40 ambulâncias aglomeram-se à porta do serviço de urgências do Hospital de Santa Maria, apurou o Observador no local. À tarde, contabilizavam-se 34 ambulâncias, mas a chegada da noite voltou a trazer mais pressão sobre aquele hospital.

Foi o próprio presidente do Hospital de Santa Maria, Daniel Ferro, que, após uma sondagem realizada nos últimos dois dias, anunciou que 85% dos doentes transportados para aquele serviço a bordo de uma ambulância não precisavam de cuidados urgentes de saúde e poderiam ter sido atendidos em centros de saúde.

Em declarações aos jornalistas esta noite, Daniel Ferro anunciou que, a partir da próxima sexta-feira, uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e da Proteção Civil vai fazer uma pré-triagem aos doentes que chegam de ambulância ao local.

Os casos que não necessitam de cuidados próprios da urgência hospitalar serão encaminhados para o centro de saúde de Sete Rios e de Odivelas. Segundo Daniel Ferro, muitos dos doentes “utilizam a ambulância como um meio de transporte”. Ciente de que isso também acontece por indicações dadas no SNS24, o presidente do Santa Maria garantiu que “a situação está a ser resolvida”.

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No momento em que falou já havia 39 ambulâncias em fila à porta do Hospital de Santa Maria, todas com doentes suspeitos de doença respiratória, descreveu o médico, que no passado já presidiu à administração do Hospital Garcia de Orta. Com o novo sistema de triagem, todos podiam ser atendidos no máximo em 90 minutos.

Daniel Ferro alertou novamente para que os casos assintomáticos ou com sintomas leves de infeção respiratória procurem antes os centros de saúde, de modo a desimpedir os hospitais para os quadros clínicos mais graves. Mas também culpa o escalar do número de casos de infeção pelo novo coronavírus: “Qualquer dia é crítico quando tudo está a aumentar. Isto é o reflexo desse aumento”.

Durante a tarde, o Correio da Manhã afirmou que três pessoas que aguardavam no interior da ambulâncias para dar entrada no Santa Maria tinham sido reencaminhadas para a sala de reanimação, mas uma fonte oficial do Hospital de Santa Maria negou essas informações ao Observador.

A assessoria do hospital diz ser “totalmente falso” que haja doentes levados para reanimação após horas à espera para dar entrada no Hospital de Santa Maria; e nega também que algum caso tenha resultado na morte de doentes que aguardam nas ambulâncias. Houve, isso sim, o caso de um doente grave de Covid-19 levado de ambulância para aquele hospital, mas que foi atendido “imediatamente” e que está agora internado na Unidade de Cuidados Intensivos.