A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) confirma que deu início a uma inspeção para verificar se os critérios de vacinação de grupos prioritários estão a ser cumpridos, e para averiguar como estão a ser usadas as doses que sobram. “Nesta fase”, essa investigação vai abranger “as cinco administrações regionais de saúde, I.P., os hospitais, os centros hospitalares e as unidades locais de saúde do Serviço Nacional de Saúde, bem como algumas entidades que integram os serviços centrais do Ministério da Saúde”.

Numa nota publicada na página da IGAS, a entidade refere que “iniciou uma inspeção com o objetivo de verificar o cumprimento das normas e orientações aplicáveis ao processo de administração da vacina contra a Covid-19”. Esta investigação será focada em três pontos: “1) Critérios de seleção das pessoas a vacinar dentro dos grupos prioritários; 2) Procedimentos de gestão das doses excedentes; 3) Medidas preventivas do desperdício”.

Todas as semanas, será feito um relatório “destinado às entidades gestoras do processo de vacinação com a indicação das falhas e fragilidades identificadas e as recomendações para corrigir as mesmas”.

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A notícia de que a IGAS está a fazer auditorias sobre o processo de vacinação já tinha sido avançada, esta quinta-feira, por Francisco Ramos, o coordenador da taskforce para o plano nacional de vacinação. O responsável disse “lamentar” o “desvio de critérios” que terá levado à administração de vacinas a pessoas fora dos grupos prioritários. Nos últimos dias têm sido noticiados casos em que esses critérios não terão sido cumpridos. Antes do anúncio de Francisco Ramos, a TVI24 tinha avançado que o INEM vacinou diretores, administradores, assessores e outros profissionais que não são prioritários na vacinação.

Antes deste caso já tinham sido conhecidos outros, como o do presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz. José Calixto, que também preside à fundação que gere o lar onde um surto levou à morte de 18 pessoas, foi vacinado sem que estivesse incluído no grupo prioritário. Argumentou, segundo o Expresso, que deveria receber a vacina porque, por inerência ao cargo de presidente da Câmara, é a autoridade municipal de proteção civil, e, tal como os bombeiros, tem “responsabilidades diárias na tomada de decisões em focos de problemas”. Outro argumento foi o de que tem responsabilidades numa instituição com “mais de sete dezenas de idosos que é absolutamente prioritário defender”.

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Depois disso, o Observador noticiou que o presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez e provedor da Santa Casa da Misericórdia local, Francisco Araújo, também tinha sido vacinado sem estar no grupo prioritário. O responsável explicou que foi a enfermeira responsável pela vacinação que, conhecendo os “problemas cardiovasculares” do autarca e por haver sobras, lhe perguntou se queria receber a vacina. A administração da vacina, em ambos os casos, foi criticada pelo coordenador da taskforce de vacinação, Francisco Ramos.

Esta quinta-feira à noite, a SIC avançou que 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal terão recebido a vacina sem que integrassem a lista prioritária. O ministério da Segurança Social ordenou a abertura de um inquérito com carácter de urgência.