Sabia que o clássico “Hound Dog”, de Elvis Presley, ou a “Twist and Shout”, dos Beatles, não foram criação dos astros que a popularizaram? A primeira é de uma cantora de blues do início dos anos 50 chamada Big Mama Thornton e a segunda foi escrita pelo grupo de R&B norte-americano The Notes. O que tem isto a ver com a partida a contar para a 16ª jornada da Liga em que o FC Porto e o Rio Ave se defrontaram?A ligação não é óbvia, mas alinhe na metáfora.

Muitas vezes no mundo da música quem recebe os louros nem sempre é quem brilha mais forte. Há sempre uma personagem ou grupo de personagens que na sombra da ribalta vão lançando as bases de vários sucessos — o ponta de lança portista Mehdi Taremi, no caso deste jogo que os portistas venceram por dois a zero, foi essa figura. Não marcou (essas honras foram para Luiz Diáz e Evanilson) mas foi quem mais fez pelo sucesso do último terço dos azuis e brancos, de tal forma que foi considerado pela liga o homem do jogo. Mas vamos ao desenrolar da história.

[O primeiro golo do Porto]

Rio Ave e FC Porto chegaram ao apito inicial de duas formas bastante diferentes. Os dragões vinham de uma vitória contra o Farense marcada pelo desentendimento entre Pepe e Loum (este último começou o jogo no banco) e a equipa visitante apresentava-se pela primeira vez depois de uma chicotada psicológica. Miguel Cardoso regressava ao banco da equipa do Estádio dos Arcos depois de há três anos já ter orientado este coletivo. Porém, em dia de dérbi lisboeta, as atenções estavam todas no jogo de Alvalade: se vencesse, o Porto podia ficar a um ponto de alcançar o Sporting (caso este perdesse contra o Benfica) na liderança. Foi talvez por isso mesmo que a equipa de Sérgio Conceição carregou no acelerador logo desde o apito inicial.

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Ainda sem Otávio no 11 inicial, a equipa do Porto apresentava-se em plena força, com Taremi, Marega e Luiz Diáz na frente, servidos por Corona (mais apagado) e Sérgio Oliveira. Do lado do Rio Ave, Gelson Dala, Carlos Mané e Ronan formavam o tridente ofensivo, muito alimentado pelos laterais Ivo Vieira e Fábio Coentrão.

[O segundo golo do Porto]

O Porto não demorou tempo nenhum a instalar-se no meio-campo do Rio Ave com uma pressão forte que asfixiou a construção dos visitantes, que volta não volta iam apostando no contra-ataque rápido recorrendo à velocidade de Gelson Dala e Carlos Mané. Logo aos cinco minutos Luiz Diáz apareceu na área e quase de baliza aberta desperdiça um cruzamento de Marega. Taremi notava-se menos mais ia ajudando a arrastar os centrais do Rio Ave para Diáz, Marega ou Corona aparecerm com perigo — como fez ‘Tecatito’ aos seis minutos, antes de Kieszek lhe negar o golo.

Ainda antes dos dez minutos um contra-ataque atabalhoado do Rio Ave vê Coentrão a fazer um passe rasgado para Dala, que resultou no primeiro susto de Marchesin, travou o veloz angolano já dentro da sua grande área. As alas foram sempre sendo a origem das reações do Rio Ave, já que Tarantini e Filipe Augusto estavam mais ocupados a tentar bloquear o meio-campo portista.

Foi preciso esperar pelos 26 minutos para ver mais um lance de perigo, com Sérgio Oliveira a fazer um passe delicioso que isolou Diáz em frente a Kieszek, que anulou o sul-americano com uma mancha bem executada. Apesar de menos feliz a construir o ataque, o Rio Ave ia conseguindo anular as investidas do Porto, que tinha sempre em Taremi um força de dinamismo na frente, ora a ir buscar atrás, ora a abrir buracos na defesa. Poucos minutos antes do cair do pano na primeira parte, uma jogada de insistência do iraniano (que se faz valer muito bem do seu porte atlético) deu um ressalto a Luiz Diáz e o primeiro golo da equipa da casa. Fim dos primeiros 45 minutos.

A segunda parte começou com uma mexida no lado dos visitantes: Francisco Geraldes entrava para o lugar de Carlos Mané, que esteve mais apagado, e isso trouxe mais fulgor e alegria ao futebol do Rio Ave. Logo nos primeiros minutos o ex-Sporting fez valer a sua técnica com umas quantas jogadas de envolvimento mais explícitas, mas sempre sem grande perigo. O Porto, por sua vez, regressou do balneário sem mudanças no onze mas com um ritmo diferente, mais tranquilo. A pressão continuava, mas menos intensa, talvez já a pensar no calendário.

Gelson Dala chegou a acordar Marchesin com um remate que saiu ao lado, aos 50 minutos, e Marega (também em noite não), atrapalhou-se na área do Rio Ave aos 60 minutos e desperdiçou uma situação de perigo. Daqui para a frente o ritmo do jogo quebrou ainda mais. Tudo ficou mais lento, as substituições foram-se sucedendo em catadupa, até que aos 74 minutos Taremi, de novo, partiu a defesa do Rio Ave e deu meio golo a Evanilson (entrou para o lugar de Marega aos 66′), que só teve de encostar. O jogo podia ter acabado logo aqui: os visitantes quebraram física e animicamente e o Porto fez descansar os seus titulares (de uma assentada saiu Zaidu, Sérgio Oliveira, Taremi e Corona).

Tudo concluído ao minuto 93 com o apito de Nuno Almeida a selar entrega dos dois pontos ao Porto. O Rio Ave, apesar de ter sido sempre inferior, jogou com o handicap de ter um treinador novo — mas nem isso impediu que se notasse o bom potencial que Miguel Cardoso tem em mãos.

Ficha do Jogo

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FC Porto – Rio Ave, 1-0

16ª jornada do Campeonato Nacional

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Nuno Almeida (A.F. do Algarve)

FCPorto: A. Marchesín, Z. Sanusi (80′ Fábio Vieira), Wilson Manafá, C. Mbemba, Pepe, M. Uribe, Sérgio Oliveira (89′ Loum), L. Díaz, J. Corona (80′ Nanu), M. Marega (66′ Evanilson), M. Taremi (80′ Grujic)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Diogo Leite, Toni Martínez, Felipe Anderson

Treinador: Sérgio Conceição

Rio Ave: P. Kieszek, Aderllan Santos, T. Borevković, Ivo Pinto, Fábio Coentrão (86′ Pedro Amaral), Pelé, Tarantini (86′ Meshino), Filipe Augusto (65′ Guga), Ronan (77′ Anderson), Carlos Mané (45′ Francisco Geraldes), Gelson Dala

Suplentes não utilizados: Léo, N. Pijnaker, Diogo Teixeira, S. Said

Treinador: Miguel Cardoso

Golo: Luiz Diáz (44′), Taremi (75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ronan (38′)