Começam esta semana a ser vacinados contra a Covid-19 os idosos com mais de 80 anos, numa operação de larga escala que terá um arranque simbólico com a vacinação dos idosos com doenças associadas nas regiões do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, escreve esta segunda-feira o Público citando o coordenador da task-force responsável pelo plano de vacinação, Francisco Ramos. As pessoas com mais de 50 anos que sofrem de um conjunto de patologias mais graves ficarão para um segundo momento deste novo capítulo de vacinação que se abre esta semana, ainda integrado na primeira das três fases do plano de vacinação.

De acordo com Francisco Ramos, estes primeiros dias servirão para testar o modelo de contacto com os cidadãos e de distribuição das vacinas. Os primeiros serão os idosos acima dos 80 anos com doenças das regiões do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, que receberão a vacina nos centros de saúde. Esta nova etapa da primeira fase de vacinação abrange cerca de 740 mil pessoas: cerca de 400 mil adultos acima dos 50 anos com uma das patologias graves identificadas nos casos mais difíceis de Covid-19 (doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar obstrutiva crónica); e cerca de 340 mil idosos acima dos 80 anos de idade. A vacinação em Portugal tinha começado, em dezembro, pelos profissionais e residentes dos lares de idosos, bem como os profissionais de saúde e das forças de segurança.

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O ritmo de vacinação depende da chegada das vacinas a Portugal, que também não tem sido isenta de percalços. Ao Público, Francisco Ramos deu o exemplo de uma carrinha com 10.800 doses da vacina da Moderna que, no domingo, “teve um acidente em Madrid”. “Felizmente acabou tudo resolvido sem problemas e as doses já estão novamente a caminho“, acrescentou Francisco Ramos. Depois das vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, também a vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, foi autorizada na União Europeia. As primeiras 73 mil doses chegam a Portugal no dia 9 de fevereiro, sendo essenciais para acelerar o processo de vacinação nesta primeira fase.

No final da semana passada, de acordo com os números oficiais do Governo, já tinham sido administradas 315.737 vacinas em Portugal, num processo que já tinha permitido distribuir a primeira toma da vacina em todos os lares de idosos, tirando aqueles onde existiam surtos de Covid-19 ativos.

A operacionalização do plano nos vários pontos do país fica a cargo das Administrações Regionais de Saúde de cada região, mas terá sempre por base a estrutura dos centros de saúde. As vacinas poderão ser administradas nos próprios centros de saúde ou, em alternativa, em centros de vacinação preparados pelas autarquias — é o caso, por exemplo, de Lisboa, onde existirão sete pontos de vacinação ainda a ser preparados, ou de Gondomar, onde as primeiras vacinas serão administradas no Pavilhão Multiusos. No caso da região Centro, a vacinação destes novos grupos prioritários só arranca na próxima semana, uma vez que durante esta semana ainda estarão a ser administradas as segundas doses de vacina nos lares de idosos.

Este fim-de-semana, numa entrevista à SIC Notícias, o coordenador Francisco Ramos revelou que a via primordial para o contacto com a população portuguesa para o agendamento da vacina será a mensagem de texto, enviada a partir do número 2424. “Qualquer mensagem com outra origem não é uma mensagem fiável”, avisou o responsável.

O plano de vacinação português contra a Covid-19 tem estado no centro de múltiplas controvérsias ao longo dos últimos dois meses — primeiro pela não inclusão dos mais idosos na primeira linha de prioridade; mais recentemente pela inclusão de um grande número de titulares de cargos políticos na primeira fase, polémica associada a vários casos de atropelo das regras, sobretudo nas autarquias locais.

Inicialmente, estava previsto que a primeira fase de vacinação incluísse as pessoas com mais de 50 anos de idade e um conjunto de patologias graves associadas aos casos mais complexos de Covid-19, os profissionais de saúde, os profissionais da chamada “linha da frente” (incluindo forças de segurança, militares, INEM, entre outros) e ainda os profissionais e residentes dos lares de idosos.

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Só numa segunda fase de vacinação seriam incluídas todas as pessoas acima dos 65 anos de idade, bem como as pessoas com mais de 50 anos com outro tipo de patologias associadas. Finalmente, na terceira fase de vacinação, já seria possível imunizar a restante população portuguesa (admitindo-se, consoante o stock de vacinas, a criação de subgrupos de prioridade).

Os critérios de vacinação têm, porém, sido sujeitos a várias alterações ao longo dos últimos dias. Na quinta-feira da semana passada, o coordenador da task-force anunciou que afinal todos os idosos acima dos 80 anos de idade, independentemente das patologias associadas, seriam incluídos na primeira fase de vacinação.