O ex-tesoureiro do Partido Popular espanhol (PP), Luis Bárcenas, confessou esta quarta-feira que vários cargos do partido receberam dinheiro indevido. Entre os nomes apontados está Mariano Rajoy, ex-chefe de Governo de Espanha durante 2011 e 2018.

Segundo o El Mundo, as confissões foram realizadas perante o Tribunal Nacional em 2013, mas só agora foram pormenorizadas, via carta, tendo sido destacados os nomes de Mariano Rajoy, Dolores de Cospedal, Federico Trillo, Ángel Acebes, entre outras personalidades da política.

O principal arguido, condenado a 29 anos de prisão no caso Gürtel, comunicou ao Ministério Público os pormenores da suposta rede e alega que os nomes indicados receberam “complementos salariais não declarados” feitos por empresários com contratos públicos em regiões administradas pelo PP.

Estas entregas [de dinheiro] foram feitas pessoalmente pelo D. Álvaro Lapuerta (ex-tesoureiro do partido e chefe de Bárcenas) e às vezes por mim”, afirmou.

Bárcenas também revelou que “há uma gravação em poder de uma pessoa” na qual era possível ouvir uma conversa entre Lapuerta e esse indivíduo, alguém de “confiança” que sabia de tudo. “Estas entregas de dinheiro eram feitas mensalmente a membros do PP, nas quais se mencionava expressamente Mariano Rajoy, entre outros”, acrescentou.

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As declarações acontecem seis dias depois do início do julgamento do alegado financiamento ilegal do PP, agora tornado público pelo ex-tesoureiro.

Nas declarações de 15 de julho de 2013 perante o juiz, Bárcenas não foi “mais exaustivo” devido às indicações do seu advogado, mas sempre se mostrou “disponível para colaborar com a justiça”, como revela a RTVE.

Bárcenas admite que recebeu “várias pressões para ficar calado” e não incriminar o partido e as pessoas a ele ligado, mas que a detenção da sua mulher, Rosalía Iglesias, fê-lo “voltar atrás” e denunciar os atos ilícitos relacionados com dinheiro.

Diz-se ainda “ciente” do que estava a fazer, dado que tinha ordens para “retirar o dinheiro do cofre presente no [seu] escritório”.