O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Porto Oriental conta terminar a segunda fase de vacinação contra a Covid-19 entre setembro e outubro, processo que depende “sempre” do aprovisionamento e da disponibilidade de recursos humanos, indicou esta quinta-feira a diretora.
“Com a informação que tenho hoje [esta quinta-feira] — e tenho de ressalvar que a informação vai chegando e vai sendo apurada — espero, considerando as duas inoculações, se houver aprovisionamento de vacina e se conseguir manter os recursos humanos necessários, terminar em setembro ou outubro”, disse à agência Lusa a diretora executiva do ACES Grande Porto VI — Porto Oriental, Dulce Pinto.
Em causa estão cerca de 13.500 as pessoas abrangidas na segunda fase do Plano Nacional de Vacinação e um total de 27.000 doses de vacina a administrar.
Este agrupamento de centros de saúde do Porto foi um dos quatro no Norte do país a arrancar esta quinta-feira com a segunda fase, dedicada a pessoas com 80 e mais anos e as pessoas com mais de 50 anos, mas com comorbilidades associadas e doenças crónicas, de acordo com a norma publicada pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Dulce Pinto recordou que esta fase de vacinação ocorre em paralelo com outras, nomeadamente a dedicada a profissionais de saúde e às Estruturas Residenciais para Idosos, bem como para população com deficiência, apontando que não teve dificuldade em “mobilizar” pessoas para a operação, mas esta depende “sempre” de fatores externos.
“A equipa organizou-se de imediato. Vamos trabalhar sete dias por semana e 12 horas por dia e não tive qualquer dificuldade em mobilizar profissionais. Estão muito motivados. Para nós [profissionais de saúde ligados aos cuidados primários e de proximidade] este é o dia. Estamos formatados para proteger e cuidar. Este ano de pandemia confrontou-nos com um enorme fantasma que tememos muito: a nossa impotência para cuidar e para salvar”, referiu a diretora.
Chamando à vacina “ouro moído” que é colocado nas mãos dos profissionais de saúde para que estes “cumpram o seu ADN que é cuidar e proteger”, Dulce Pinto tentou explicar as “ideias feita” à volta do que chamam de “sobras“, palavra que rejeita e prefere ver substituída por “dose remanescente“. “Chamar a isto sobras é, no mínimo, um erro de perceção. Não são sobras, é eficiência“, frisou.
“Os profissionais de saúde procuram rentabilizar ao máximo, dado que há escassez de vacinas (…). Não são sobrantes, são remanescentes”, referiu a diretora executiva do ACES Grande Porto VI — Porto Oriental.
A responsável explicou que as instruções do fabricante da vacina indicam que cada frasco dá para cinco doses, contudo “a prática veio demonstrar que, após retiradas as cinco doses, era possível fazer uma sexta dose“.
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Tal “depende do tipo de material disponível, nomeadamente do tipo de seringas”, descreveu. “O Infarmed, no início de janeiro, deu indicação de que a sexta dose pode ser utilizada. E é possível extrair uma sexta dose, desde que haja a perícia suficiente e o material adequado“, apontou a diretora que revelou estar a fazer um planeamento diário para seis doses.
Dulce Pinto disse que, “dada a experiência de um mês de vacinação e graças à perícia adquirida, praticamente em 99% dos casos tem sido possível retirar as seis doses”, mas não excluiu a hipótese de que algo em contrário aconteça.
“Hoje [esta quinta-feira] não conseguimos retirar a sexta dose de um dos frascos e nunca podemos prever com antecedência se vamos conseguir retirar seis doses ou cinco. Mas também aconteceu que estava previsto ser vacinada uma utente, mas apresentava sintomas de doença e não pode ser vacinada. Se não tivesse acontecido haveria um utente que seria convocado novamente“, contou.
Sublinhando a imprevisibilidade do processo e lembrando que não se pode abrir um frasco para retirar só uma dose, uma vez que uma vez perfurado o produto tem de ser administrado nas seis horas imediatas, Dulce Pinto garantiu que o ACES está preparado para “ajustar o processo no imediato”. “Só quem está no terreno é que conhece bem estes meandros”, frisou.
Este agrupamento de centros de saúde do Porto é, juntamente com Braga, Póvoa de Varzim/Vila do Conde e Vila Real, um dos quatro que arrancou com a segunda fase de vacinação contra a Covid-19. A Norte estão identificados já outros três locais: Vila Nova de Gaia, Gondomar e na Unidade Local de Saúde Nordeste.