Carros para um lado e veículos pesados para o outro. Esta é a nova estratégia da Daimler e a explicação para a decisão anunciada pelo grupo alemão chegou pela mão do seu CEO, Ola Källenius, que afirmou que “ambas as divisões operam em indústrias que enfrentam grandes alterações tecnológicas e estruturais”, daí que precisem de seguir caminhos tecnológicos distintos e satisfazer as suas necessidades de capital.

Acima de tudo, as alterações que a Daimler pretende implementar (mas que ainda têm de ser aprovadas pelo conselho de supervisão e pela actual administração antes de avançarem, prevendo-se que só estarão concluídas no final do ano), visam, por um lado, reunir o capital de que necessitam para os fortes investimentos que têm pela frente e, por outro, apostar na melhor tecnologia para cada uma delas, mesmo se forem diferentes ou até antagónicas.

A Daimler, tal como a conhecemos hoje, passará a Mercedes-Benz, enquanto a divisão de veículos pesados será rebaptizada Daimler Trucks e alvo de um spinoff, lançada em bolsa. Para o plano avançar, Ola Källenius acredita que uma parte significativa do capital da Daimler Trucks será dividida pelos actuais accionistas da Daimler e a restante será dispersa em bolsa, operação de que a divisão dos camiões necessita para fazer a transição para os eléctricos, sejam eles a bateria ou a fuel cell a hidrogénio.

Não será difícil encontrar interessados em investir nos camiões alemães, negócio que facturou 40,2 mil milhões de euros em 2019, com os autocarros a somar outros 4,7 mil milhões, o que permitiu um lucro EBIT de 2,5 mil milhões para os pesados de carga e 285 milhões para os vocacionados para passageiros. Contudo, isto era nos tempos dos pesados a gasóleo, restando saber se a Daimler continuará a ser uma referência com mecânicas zero emissões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR