António Lobo Xavier entende que “se há disponibilidade para uma luta interna” então o partido deve clarificar tudo em congresso eletivo. O conselheiro de Estado escolhido pelo CDS e apoiante de Francisco Rodrigues dos Santos nas eleições de há um ano acredita que todos teriam a ganhar se houvesse um “debate alargado” sobre o futuro do partido.

No “Circulatura do Quadrado”, da TVI, Lobo Xavier começou por elogiar as características pessoais de Rodrigues dos Santos (“digno”, “leal”, com “ideias”), mas não deixou de reconhecer que se instalou a ideia de um definhamento em curso do partido. “Tenho de compreender a insatisfação dos militantes. Há a ideia generalizada de que o CDS pode desaparecer”, disse.

Mesmo não centrando todas as atenções em Rodrigues dos Santos (“[o mau momento] não é exclusivamente por culpa dele”), o democrata-cristão defendeu que a “situação do mini-van” que o partido atravessa, perdendo votos para o Chega e Iniciativa Liberal, é “mais complicada para o partido” do que todas as crises existenciais anteriores.

“É preciso procurar melhor as causas. Se há disponibilidade para uma luta interna que haja luta interna. Estaria mais confortável se [Rodrigues dos Santos] estivesse disponível para um debate mais alargado.”

Lobo Xavier não deixou, aliás, de criticar a intervenção de Francisco Rodrigues dos Santos na segunda-feira quando, reagindo formalmente ao desafio de Adolfo Mesquita Nunes, sugeriu que o antigo secretário de Estado é um dos rostos de um CDS que quer continuar a promover a permeabilidade entre a política e os negócios. “É uma falsidade e uma estigmatização inaceitável”, criticou Lobo Xavier.

Apesar de não se comprometer no apoio a qualquer uma das alas em confronto, o conselheiro de Estado deixou um elogio a Adolfo Mesquita Nunes por ter decidido avançar num momento tão delicado para o partido. “Acho que é gesto de respeito e merece ser ouvido”, rematou.

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