Uma coisa é a “agitação do debate político” outra coisa é a “realidade”. E o que a “realidade” diz é que os hospitais privados e do setor social têm estado “mobilizados” no combate à pandemia, disse António Costa esta sexta-feira em visita ao novo hospital da CUF Tejo, em Alcântara, onde assistiu à vacinação de profissionais de saúde. Acompanhado da ministra da Saúde, o primeiro-ministro pediu ainda “serenidade” a todos para “aguardarem” a sua vez de ser vacinados, e disse que o plano mantém-se apesar de as vacinas estarem a chegar a conta-gotas: 70% da população portuguesa deverá estar vacinada até ao verão.
“Quero aqui deixar uma palavra de agradecimento, porque uma coisa é a agitação do debate político e outra coisa é a realidade. Desde março temos estado em contacto, temos trabalhado juntos, e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os hospitais privados e do setor social, ou das Forças Armadas, têm estado mobilizados sempre que necessário para responder a esta situação de pandemia“, disse António Costa respondendo indiretamente às críticas de quem lhe aponta “cegueira ideológica” por não chamar os privados a intervir quando o SNS está a rebentar pelas costuras.
Para Costa, a prova de que essa colaboração funciona é que agora, na “fase mais crítica da pandemia”, é que a “colaboração é mais visível” e mais eficaz. E para demonstrar que não é preciso requisição civil para isso, Costa foi munido de números: 53 acordos em todo o país com instituições do setor privado e social, sendo que 13 são inteiramente dedicados a tratamento de doentes Covid; mais 300 camas agora disponibilizadas pelo privado e mais 700 que haverá no futuro.
6.100 doses de vacina para a semana para o privado
Sobre o processo de vacinação, que se iniciou com os profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde, mas também os do setor privado que têm acordos de cooperação com o SNS e, depois todos os outros, António Costa alertou para uma “realidade” que ultrapassa a esfera de atuação do Governo e que diz respeito à dependência da produção de vacinas e distribuição a nível europeu. Ainda assim, deu uma “boa notícia”: esta semana haverá mais 6.100 doses de vacina da Moderna para aplicar aos profissionais de saúde do setor privado.
“Estamos todos dependentes a montante da produção por parte da indústria farmacêutica”, disse o primeiro-ministro sublinhando que nunca em tão pouco tempo tinha sido desenvolvida e comercializada uma vacina: “Foi feito em tempo recorde”, disse, alertando que só à escala mundial é que se erradica a pandemia e só com cooperação entre os países da UE (e com compra conjunta) se consegue vencer a corrida às vacinas. E isso é fundamental para resolver os restantes problemas associados à pandemia: “Só retomaremos a normalidade da nossa vida quando pelo menos 70% de nós estivermos vacinados”, disse, admitindo que o plano continua a ser ter esses 70% vacinados até ao verão. Mesmo que as vacinas estejam a chegar a conta-gontas.
O primeiro-ministro alertou ainda para outro problema: que as doses de vacina que vão chegando semanalmente ao país sejam usadas devidamente junto de quem é prioritário. “É importante que cada um aguarde serenamente pela sua vez para ser vacinado” e que as doses sejam reservadas única e “exclusivamente a quem é prioritário”, disse.
“É bom já termos atingido o ponto de estabilização do número de doses que estamos a receber e assim poderemos planear devidamente a distribuição dessas doses. Mas é imprescindível que as doses sejam reservadas exclusivamente a quem é definido como prioritário e que cada um aguarde serenamente pela sua vez para ser vacinado”, salientou o primeiro-ministro.
Também Marta Temido tinha alertado para a necessidade de haver “melhorias” na organização do processo de vacinação, congratulando-se contudo pelo rácio de 3,6 pessoas vacinadas por cada 100 mil habitantes em Portugal. “Um número que queremos fazer crescer, mas isso também depende da disponibilidade de vacinas e da melhor capacidade de organização do processo para o acelerar”, disse.