Um estudo publicado pela Imprensa da Universidade de Coimbra (IUC) poderá fundamentar uma candidatura para classificação da sercomo área protegida e com um modelo de ordenamento e gestão multimunicipal, disse esta um dos autores.
O investigador Luiz Alves afirmou à agência Lusa que se trata de “uma proposta para a criação da Paisagem Protegida Regional da Serra da Lousã”, cabendo aos municípios vizinhos dinamizar o processo.
Com o título “Áreas protegidas e gestão territorial. O caso da Serra da Lousã”, o livro, que a IUC já disponibilizou em formato digital e de acesso livre, é o resultado do trabalho de Paulo Carvalho e Luiz Alves, investigadores da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), ambos residentes na Lousã.
Luiz Alves realçou a importância das componentes natural, cultural e paisagística, “três valores que justificam”, de acordo com o trabalho, o reconhecimento da Serra da Lousã como Paisagem Protegida Regional.
“Esta é uma proposta académica, um trabalho articulado entre a Universidade e a DUECEIRA. Cabe agora às entidades locais e regionais, com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), fazer avançar o processo de classificação”, acrescentou.
No entanto, “podem aparecer outras propostas” para o mesmo objetivo, ressalvou, questionado pela Lusa.
Estamos a falar de uma lógica de cooperação, não de sobreposição, que vai além do turismo, englobando também os ecossistemas e a cultura”, que aposta na conservação dos valores naturais e permite “olhar para a Serra da Lousã como um conjunto”.
A publicação foi concebida “para fundamentar uma proposta de classificação da Serra da Lousã como área protegida, que promova um novo modelo de ordenamento e gestão em escala supramunicipal”, segundo Luiz Alves, que está a realizar o seu doutoramento na área da Geografia.
O coautor salientou a necessidade “não só de assegurar a adequada proteção a um universo significativo de patrimónios, como também de abrir novas perspetivas para a sua valorização efetiva, através de um modelo de gestão de base supramunicipal”.
O estudo foi efetuado “no âmbito da prestação de serviços especializados” da Universidade de Coimbra, através do Departamento de Geografia e Turismo da FLUC à DUECEIRA – Associação de Desenvolvimento do Ceira e Dueça, com o apoio do Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos (PROVERE) iNature – Turismo Sustentável em Áreas Classificadas.
Com sede na Lousã, a DUECEIRA, criada em 1994 e atualmente liderada pelo presidente da Câmara local, Luís Antunes, reúne este município e os concelhos vizinhos de Miranda do Corvo, Penela e Vila Nova de Poiares, no distrito de Coimbra.
Ligadas à Serra da Lousã, entre outras entidades supramunicipais, estão a Agência para o Desenvolvimento da Serra da Lousã, com sede na Castanheira de Pera (distrito de Leiria), criada em 2015, mas ainda sem trabalho público visível, e a Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto (ADXTUR), instalada no Fundão (Castelo Branco).
Dos 27 lugares que integram a rede turística Aldeias do Xisto, 12 situam-se na Serra da Lousã, repartidas pelos concelhos de Góis, Lousã, Miranda do Corvo e Penela.
A obra “Áreas protegidas e gestão territorial. O caso da Serra da Lousã” destina-se, nomeadamente, a estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento, técnicos e especialistas em áreas protegidas, planeadores e gestores de territórios, marcas e produtos turísticos.