Pelas contas que, por estes dias, estão a ser feitas no Ministério das Finanças, o Estado pode perder no principal imposto sobre o consumo o equivalente a 0,4 pontos percentuais do PIB se o confinamento for até ao início de abril (como já admitiu António Costa). “Não seria surpreendente que perdêssemos 300 milhões de euros de IVA por mês de confinamento”, adianta fonte do Ministério das Finanças ouvida pelo Observador. Ou seja, em dois meses e meio estariam em causa 750 milhões de euros.

A mesma fonte lembra, no entanto, que qualquer estimativa durante a pandemia está sujeita a muitas incertezas e que, no ano passado, “a evolução do IVA foi um pouco melhor do que o antecipado” — embora tenha caído “de forma muito dramática”. É que só no segundo trimestre do ano passado, o Estado “perdeu cerca de mil milhões de euros em IVA”.

Do lado da despesa, as novas medidas de apoio às famílias e às empresas têm um impacto nas contas públicas que valerá certamente “centenas de milhares de euros por mês”, embora esta fonte não consiga fazer uma quantificação exata neste momento.

Em todo o caso, dá o exemplo do lay-off simplificado — que se dirige a empresas que tenham sido forçadas a fechar portas por causa do confinamento — em que deverão estar em causa “entre 200 e 300 milhões de euros por mês”. Além de haver uma grande incerteza ainda quanto ao valor exato, são, neste momento, valores provisórios.

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No total, aderiram este ano ao layoff simplificado “cerca de 250 mil trabalhadores”, um número mais baixo do que primeira vaga. Mas esta fonte lembra que o Estado “suporta agora os salários a 100%”.

Confinamento com menos impacto no PIB do que na primeira vaga

Depois de um ano em que a economia teve a maior quebra em largas décadas, o que podemos esperar de 2021, tendo em conta que há mais um confinamento? O anterior ministro das Finanças, Mário Centeno, chegou a antecipar uma quebra de 6,5% do PIB por cada mês em que os portugueses ficassem fechados no ano passado, mas desta vez não é antecipada uma quebra tão elevada. “A redução do PIB vai ser bastante acentuada no primeiro trimestre”, nota a fonte do Ministério das Finanças, “mas não tão forte quanto no segundo trimestre do ano passado”.

“Há algumas áreas que estão a confinar de forma diferente, como a parte da indústria, que tem tido um comportamento bastante diferente. Alguns serviços estão mais bem adaptados e estão a conseguir reagir melhor do que no ano passado”, explica ainda.

Além disso, no segundo trimestre do ano passado — em que o PIB caiu 16,3%, em termos homólogos — a comparação era feita com um ano normal, enquanto agora está em causa um período já afetado pela pandemia.

Em todo o caso, “face ao quarto trimestre do ano passado está a estimar-se uma queda significativa do PIB”. E “face ao que seria uma situação de economia normalizada”, pode haver “uma queda em termos mensais próxima dos 10%, 12%”.