O Facebook está ser acusado internacionalmente por fazer “bullying à democracia” depois de proibir a partilha de notícias na Austrália. A rede social tomou essa medida por não concordar com a nova lei que obriga a empresa a ter de pagar por notícias partilhadas nas suas plataformas.

“Unfriend Australia”. Facebook proíbe partilha de notícias no país

Essa ação – essa ação de valentão [“bullyboy”, em inglês] – que empreenderam na Austrália, creio, despertará um desejo de ir mais longe entre os legisladores de todo o mundo”, disse Julian Knight, responsável do comité para a Cultura, Digital, Media e Desporto do parlamento britânico, como conta o TheGuardian.

As acusações surgem depois de o primeiro-ministro australiano ter acusado a medida da rede social liderada e fundada por Mark Zuckerberg  de “intimidação”. David Cicilline, o responsável do comité de Congresso do EUA para a concorrência desleal e abuso de posição dominante no mercado, foi outro dos políticos que lançou duras críticas à empresa: foi um ato “não compatível com a democracia”.

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No Twitter, Cicilline afirmou que “ameaçar um país a pôr-se de joelhos para concordar com uma vontade do Facebook é a admissão mais alta de se ter poder de monopólio”.

Já o Ministro da Cultura do Canadá, Steven Guilbeault, afirmou que a medida do Facebook foi “altamente irresponsável”. “Não nos vai impedir de ter legislações semelhantes”, disse. Na Alemanha também houve críticas, com Dietmar Wolff, presidente da associação federal de editores digitais e editores de jornais (BDZV, nas siglas em alemão), a dizer: “É a hora de governos em todo o mundo limitarem o poder de mercado destas plataformas”.

Na quinta-feira, todos os utilizadores na Austrália acordaram sem poder partilhar notícias na rede social que é utilizada por mais de dois terços da população (cerca de 17 milhões de australianos). A medida foi tomada como resposta à nova lei australiana que quer que plataformas da Google e do Facebook paguem por hiperligações de notícias partilhadas. Contudo, ao contrário do Facebook, a Google, que inicialmente disse que ia suspender os seus serviços no país, optou por fazer um acordo de dezenas de milhões de euros com grupos de notícias do país para poder continuar a operar como tem feito até agora.

O Facebook alega que a nova lei — que ainda tem de ser aprovada pelo senado da Austrália apesar de já se prever que o vá ser — contém uma definição demasiado abrangente do conceito de “notícia”. Por causa disso, além de ter proibido a partilha e visualização de notícias para os utilizadores na Austrália, a rede social bloqueou indevidamente páginas oficiais de entidades governamentais. De acordo com o Facebook, como noticiou o The Verge, tratou-se de um erro no filtro utilizado para proibir a partilha de hiperligações de notícias de sites terceiros.