Um total de 1.315 migrantes foram intercetados ao largo das costas da Líbia e reenviados durante a última semana para aquele país, que não é considerado um porto seguro, informou esta terça-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Desde o início deste ano, cerca de 3.000 migrantes já tentaram sair do território líbio a bordo de embarcações precárias e foram intercetados por patrulhas marítimas locais, segundo os dados da OIM, agência que integra o sistema das Nações Unidas.
A Líbia faz parte da chamada rota migratória do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai igualmente a partir da Argélia e da Tunísia em direção à Itália e a Malta.
O país tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.
A OIM especificou que o maior grupo de migrantes, um total de 340 pessoas, foi intercetado na passada sexta-feira, dia 19 de fevereiro. Estas pessoas foram intercetadas ao largo da capital do país, Tripoli, quando tentavam a travessia do Mediterrâneo a bordo de várias embarcações e foram reencaminhadas para o porto local. Já no porto líbio, a OIM prestou os primeiros cuidados médicos aos migrantes, que foram posteriormente transferidos para os chamados centros de detenção migratórios.
Várias organizações humanitárias que trabalham no terreno fazem denúncias frequentes sobre as condições desumanas destes centros e as violações dos direitos das pessoas que são transferidas e mantidas nestes locais.
As organizações também apontam críticas aos métodos da Guarda Costeira líbia, força treinada e apoiada nos últimos anos pela União Europeia (UE) numa tentativa para conter a saída de migrantes em direção à Europa.
Esta força líbia é suspeita de ter ligações com redes organizadas de tráfico ilegal de migrantes, que encontraram na Líbia um mercado lucrativo devido à situação do país, imerso num caos político e securitário.
Na semana passada, a OIM instou a UE e os 27 Estados-membros do bloco europeu a avançarem com medidas urgentes para conter as devoluções, as expulsões coletivas e o uso da violência contra migrantes e refugiados, incluindo crianças, tanto fora do território comunitário como dentro das suas fronteiras marítimas.