O site oficial dos Utah State Aggies não deixa grande margem para dúvidas. Um olhar para as histórias mais lidas e no top 3 está sempre o mesmo nome. 1) “Neemias Queta foi nomeado Melhor Defesa do Ano pelos treinadores da Mountain West”; 2) “Neemias Queta foi nomeado Melhor Defesa do Ano pela Bleacher Report”; 3) “Neemias Queta nomeado Melhor Jogador do Ano da Mountain West pelos meios de comunicação”. A temporada nem começou da melhor forma para a equipa de Logan mas o crescimento do jogador português acompanhou a evolução dos Aggies, que acabaram a fase regular na segunda posição da Conferência de Mountain West apenas atrás de San Diego State e vão agora começar o playoff de apuramento para a fase final do país, a March Madness.

Para Neemias Queta, que está a cumprir o terceiro ano na Utah State, a realidade NBA parece algo cada vez mais próximo, podendo tornar-se o primeiro jogador português de sempre a jogar no principal campeonato de basquetebol do país e do mundo após um ano em que chegou a admitir a possibilidade de entrar no draft de 2019 mas voltou atrás, optando por prolongar um pouco mais o percurso universitário antes de dar o salto.

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“Está a ser a minha melhor época, sinto-me melhor do que nunca. Espero continuar a fazer bem o meu trabalho e acabar ainda mais forte. Evoluí bastante em termos físicos, estou muito mais forte e mais completo a nível ofensivo. Acho que percebo muito melhor o jogo, estou muito mais maduro”, explicou o poste de 21 anos em declarações ao jornal O Jogo. “Estou totalmente recuperado da lesão de 2019, o meu corpo parece o mesmo, até melhor! Se a pandemia atrapalhou os meus planos desportivos? Atrapalhou, a March Madness podia ter-me ajudado no verão do ano passado mas a partir do momento em que não houve tirei da cabeça a hipótese de ir ao draft“, explicou, confessando que o facto de jogar sem público não causou muita estranheza mas que a incerteza de não saber se há ou não jogou ou se surgem adiamentos de última hora tem a sua influência nas equipas e nos jogadores.

Neemias, que ganhou em 2019 a Divisão B do Campeonato da Europa Sub-20 que se disputou em Portugal (e onde falhou o último encontro por lesão), terminou a temporada regular nos Aggies com uma média de 14,7 pontos, 9,9 ressaltos, 3 desarmes de lançamento e 2,8 assistências, um registo que desde 1993 tinha sido conseguido apenas por cinco jogadores (Tim Duncan, Chris Webber, Bo Outlaw, Ryan Humphrey e Jason Thompson) com o ponto comum de chegarem todos à NBA. Outra nota, mais destacada pelos meios de Mountain West: o poste foi o primeiro desde Anthony Davis a conseguir médias de pelo menos 9,5 ressaltos, 2,9 desarmes e um roubo de bola.

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Em paralelo, Neemias foi o único jogador da Conferência com uma média de duplo duplo por jogo (dois dígitos de pontos e ressaltos), com a particularidade de ter terminado da melhor forma a fase regular com uma média de 21,8 pontos e 12,5 ressaltos nas últimas seis partidas antes do playoff, onde vai defrontar nos quartos o vencedor da partida entre UNVL e Air Force. Em caso de vitória, a Utah State terá pela frente Colorado State (terceira melhor da Conferência), Fresno State ou New Mexico. O apuramento para a March Madness será mais um passo importante para essa possibilidade de entrar na NBA, existindo ainda a possibilidade de conseguir mais algumas distinções individuais, sobretudo enquanto defensor, a nível nacional de NCAA.

Ter abdicado do draft da NBA? Claro que custou. Estava a um passo da NBA, que sempre foi o meu sonho. Estar tão perto e decidir voltar para trás custa muito. Precisei de ter muita coragem para fazer isso. Tive coragem e confiança em mim. Sei o quanto trabalho e sei o meu valor. Estou no bom caminho e acho que vai ser desta”, tinha destacado o jogador em dezembro num podcast do Record. Três meses depois, o cenário é cada vez mais real.

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