A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou esta quarta-feira que os benefícios da vacina da AstraZeneca, suspensa em vários países europeu, ultrapassam os riscos e por isso recomenda que a vacinação seja retomada.
“A vacinação contra a Covid-19 não reduz os casos de doença ou morte por outras causas. Eventos tromboembólicos são conhecidos por ocorrer com frequência. O tromboembolismo venoso é a terceira doença cardiovascular mais comum a nível global”, sublinhou a OMS em comunicado.
A organização refere ainda que “em grandes campanhas de vacinação, é rotina que os países assinalem potenciais eventos adversos após a imunização”, mas realça que tal “não significa necessariamente que os eventos estejam relacionados com a própria vacinação”. “Mas é boa prática investigá-los”, acrescentou a OMS.
Esta não é ainda a avaliação final da organização, uma vez que o seu Comité Consultivo Global sobre Segurança das Vacinas ainda está a analisar a informação sobre a vacina da AstraZeneca e prometeu um parecer oficial em breve.
No entanto, com a informação que tem disponível, a OMS, que está em contacto com os reguladores a nível mundial, “considera que os benefícios da vacina da AstraZeneca superam os riscos e recomenda a continuação da vacinação”.
Devido a alguns episódios de tromboembolismo, mais de 20 países europeus, entre eles Portugal, decidiram suspender a utilização da vacina da Astrazeneca, até terem conclusões mais precisas sobre esta vacina.
Nesse sentido, a Agência Europeia do Medicamento (AEM) vai revelar o seu parecer na quinta-feira, apesar de a diretora da organização, Emer Cooke, ter defendido na terça-feira que não existem evidências científicas que sustentem uma ligação direta entre a administração da vacina da AstraZeneca e o aparecimento de coágulos sanguíneos.
A suspensão do uso desta vacina tem levado acesas discussões, com alguns especialistas a alertarem que a decisão pode levar a uma maior suspeição em relação à vacinação contra a Covid-19, acusando os países europeus de estarem a agir sem evidências científicas sustentadas. A União Europeia e outros peritos, no entanto, salientam a importância da prevenção.
Em Portugal, o Governo e a Direção-Geral da Saúde (DGS) consideraram a suspensão como uma medida provisória tomada por precaução. O primeiro-ministro, António Costa, disse que ele próprio tomou a primeira dose da vacina da AstraZeneca, considerando-a uma vacina “segura e efetiva”.