A Agência Europeia do Medicamento defende que não existem evidências científicas que sustentem uma ligação direta entre a administração da vacina da AstraZeneca e o aparecimento de coágulos sanguíneos, reforçando a convicção de que os benefícios da vacina são superiores aos riscos. A ministra da Saúde já afirmou que espera que a suspensão em Portugal seja apenas por alguns dias.

A informação foi dada esta terça-feira pela diretora da AEM, Emer Cooke, numa conferência de imprensa que veio reforçar o que já defendera num comunicado enviado segunda-feira, no dia em que Portugal decidiu suspender a administração desta vacina, seguindo o que outros países têm feito.

À SIC, Hélder Mota Filipe, consultor da EMA, também puxou dos mesmos argumentos. “Torna-se uma bola de neve e é muito difícil haver estados-membros que justifiquem à sua população porque é que uns pararam (de administrar a vacina) e outros não”, disse horas depois de a Direção Geral de Saúde e de o Infarmed terem anunciado a suspensão da vacina da AstraZeneca. Mota Filipe considera sim que “se está a governar não com base cientifica mas de acordo com os ‘soundbites’ ou a pressão da população”.

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“Eu quero ver quando vier a onda seguinte, como é que vamos continuar a justificar que morram pessoas por não terem sido vacinadas, porque perderam a confiança na vacina ou porque se decidiu suspender a mesma», adiantou.

Já esta terça-feira, questionado sobre a suspensão de vacina da Astrazeneca, o primeiro-ministro António Costa sublinhou que “estas suspensões são meramente provisórias”, recordando que a Organização Mundial de Saúde está a fazer uma reavaliação dos dados conhecidos.

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“Toda a evidencia científica demonstra que esta é uma vacina segura e que é uma vacina efetiva”, reconheceu, informando que ele próprio foi vacinado com esta vacina, cuja segunda dose deveria ser administrada em maio.

“Faz sentido suspender durante três ou quatro dias para que, depois, o processo possa decorrer”, disse.

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Ministra da Saúde Marta Temido espera que suspensão seja temporária

Também a presidência portuguesa da União Europeia (UE) espera que os países europeus que suspenderam “temporária e provisoriamente” o uso da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, após efeitos secundários em vacinados, retomem a administração “a curto prazo”.

“Todos os Estados-membros que optaram por fazer esta suspensão temporária e provisória referiram a sua preocupação em conhecer os resultados da avaliação em curso [pela Agência Europeia do Medicamento – EMA], que terminará na quinta-feira, e o seu interesse em alinhar posições com a decisão que resulte desses estudos”, declarou a ministra portuguesa da Saúde, Marta Temido, citada pela Lusa, após a reunião virtual dos ministros de Saúde da UE.

Marta Temido disse que os países que optaram por esta interrupção do uso da vacina da AstraZeneca “sublinharam ter-se tratado de uma suspensão provisória […] em resultado de casos de vários países, que os peritos europeus e nacionais estão a analisar cuidadosamente”. “Esperamos que se retome a curto prazo”, adiantou a governante portuguesa, dizendo também esperar que a suspensão seja de “apenas alguns dias”.

(Artigo atualizado com declarações de Marta Temido)