O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou operações durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos que tinham como objetivo prejudicar Joe Biden e ajudar Donald Trump a ser reeleito, de acordo com um relatório divulgado pelos serviços de inteligência norte-americanos na terça-feira.
Em resposta às conclusões do relatório, Joe Biden garantiu, em entrevista à ABC News, que Putin “vai pagar o preço”.
Questionado pelo jornalista George Stephanopoulos se considerava o Presidente russo um assassino, Biden respondeu afirmativamente, e prometeu para breve uma resposta. O Presidente norte-americana sublinhou ainda que há áreas em que os dois países podem colaborar, como o acordo nuclear New START.
O relatório em causa vai mais longe dos avisos feitos por John Ratcliffe, em outubro, em conferência de imprensa: “Queremos alertar o público de que identificámos dois atores estrangeiros, Irão e Rússia, que tomaram ações específicas para influenciar a opinião pública em relação às nossas eleições” disse na altura o diretor nacional dos serviços secretos.
Eleições nos EUA. Irão e Rússia estão a tentar interferir nas presidenciais
Agora, o documento refere que agentes russos tentaram descredibilizar o atual Presidente dos Estados Unidos através de uma campanha de “alegações falsas ou enganosas”, tentando condicionar a opinião pública norte-americana.
Além disso, segundo os serviços secretos norte-americanos, o Kremlin tentou influenciar figuras próximas de Donald Trump a divulgarem informações falsas sobre Biden. Apesar de os nomes não serem referidos, o The New York Times nota que um dos alvos foi Rudy Giuliani, antigo advogado do ex-presidente norte-americano, que durante a campanha eleitoral fez várias declarações a tentar envolver Biden e a sua família em escândalos de corrupção na Ucrânia.
“Através de agentes por procuração, a Rússia conduziu uma operação de inteligência bem-sucedida que penetrou no círculo interno [de Donald Trump]”, afirmou Adam Schiff, responsável pela comissão de Serviços Secretos do Congresso, em comunicado citado pelo The Guardian.
Estas pessoas terão sido visadas “por agentes dos serviços de inteligência russos, incluindo Andriy Derkach e Konstantin Kilimnik, que lavaram desinformação dentro do nosso sistema político com a intenção de denegrir o agora Presidente Biden, prejudicando a sua candidatura”, acrescentou Schiff.
Segundo o relatório, os hackers russos não fizeram tentativas persistentes no sentido de entrar na infraestrutura eleitoral ou tentar alterar a contagem dos votos.
Além das tentativas do Kremlin influenciar o desfecho da campanha eleitoral, os serviços secretos norte-americanos concluíram ainda que também o Irão tentou influenciar as eleições presidenciais, mas, ao contrário de Moscovo, Teerão tentou prejudicar Trump e favorecer Biden.
Uma das estratégias seguidas pelo Irão foi o envio de cartas com ameaças a eleitores democratas, atribuindo-as aos Proud Boys, um grupo de extrema-direita apoiante de Donald Trump.
No entanto, concluiu o relatório, as operações russas e iranianas não influenciaram os resultados eleitorais, não existindo qualquer indício de que qualquer agente estrangeiro tivesse tentado interferir em questões técnicas relacionadas com o voto.
Quanto à China, ao contrário do que Trump insinuou após as eleições, os serviços secretos não encontraram qualquer tentativa de interferência, o que, segundo o mesmo documento, deve-se ao facto de a China “procurar a estabilidade nas relações com os Estados Unidos” além de Pequim “não ter visto qualquer desfecho eleitoral vantajoso o suficiente para arriscar uma retaliação caso fosse apanhada”.
Atualizado às 13h12 com a reação de Joe Biden ao relatório