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Portugal vai retomar a vacinação com o fármaco da AstraZeneca. O coordenador da task force para o Plano de Vacinação Covid-19, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, disse que o plano de vacinação com a AstraZeneca “vai ser posto em marcha a partir de segunda-feira” e que o plano será acelerado para recuperar o atraso causado pela paragem destes dias.
Após o anúncio feito pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), que concluiu que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca era segura e eficaz, os mais de 20 países que tinham suspendido a vacinação com este fármaco — por precaução e até ouvirem o parecer da EMA — podem agora retomar o uso da vacina.
França, Itália, Alemanha e a Eslovénia não vão sequer dar tempo para a informação assentar e anunciaram que a vacinação recomeça já esta sexta-feira. Em França, o próprio primeiro-ministro, Jean Castex, disse que ia ser vacinado com esta mesma vacina, numa demonstração de confiança em relação ao fármaco. Vale a pena lembrar que França é dos países europeus com maior resistência à vacinação em geral, e contra a Covid-19 também.
Em Itália, o primeiro-ministro Mario Draghi assinalou que “a prioridade do governo mantém-se em dar o maior número de vacinas no menor tempo possível”. Já o ministro da Saúde alemão considerou que o processo que levou à suspensão e depois à retoma da vacina revela que os cidadãos podem “confiar que serão informados de forma transparente”.
Espanha planeia retomar a vacinação com a AstraZeneca na próxima quarta-feira depois de uma reunião extraordinária do Conselho Interterritorial do Sistema Único de Saúde (CISNS), noticiou o jornal El País. Nessa altura, definirá também se a vacina passará a ser dada a pessoas com mais de 55 anos, já que esta era a idade limite no país, enquanto não se reuniam mais dados de eficácia nos adultos acima dessa idade. A Holanda também vai retomar a vacinação na próxima semana, embora não indique em que dia.
A Irlanda prevê anunciar, esta sexta-feira, a decisão de retomar a vacinação com a AstraZeneca e a Suécia, um dos últimos países a suspender o uso da vacina, só vai anunciar na próxima semana se retoma a vacinação. “A agência de saúde pública precisa de alguns dias para analisar a situação e como a vacina da AstraZeneca pode ser usada na Suécia”, disse o diretor geral da agência, Johan Carlson, citado pelo The Guardian.
Já a Noruega não vai retomar a vacinação com a AstraZeneca para já. As autoridades de saúde norueguesas optaram por esperar antes de levantar a suspensão por considerar “prematuro”.
Covid-19. Vacina da AstraZeneca é segura e não é responsável por coágulos
Para a EMA não existem, neste momento, dúvidas que os benefícios da vacina da AstraZeneca superam os riscos que possam, eventualmente, estar associados. Apesar de confirmar que se verificaram eventos tromboembólicos, que provocaram coágulos sanguíneos, em pessoas vacinadas, a diretora executiva da EMA, Emer Cooke, disse que não foi encontrada uma associação entre a administração desta vacina e o aumento do risco destes eventos.
O Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância chegou a uma clara conclusão na investigação dos casos de coágulos sanguíneos: esta é uma vacina segura e eficaz”, declarou a diretora executiva da EMA, Emer Cooke, falando em videoconferência de imprensa a partir da sede do regulador, em Amesterdão.
Reconhecendo que as situações são “bastante graves”, ainda que raras, a responsável pelo regulador europeu disse também que, mesmo assim, “ainda não é possível descartar totalmente uma ligação entre este tipo de casos e a vacina”. Ou seja, a EMA não encontrou ligação entre a vacina e os coágulos sanguíneos, mas não a pode descartar e, por isso, recomendou que fossem incluídos como efeitos secundários na descrição do fármaco e que os profissionais de saúde passem a ter mais atenção a estas situações.
O aval da EMA surge um dia depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) também ter recomendado a continuação da administração da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, cuja utilização foi suspensa por vários países devido a possíveis efeitos colaterais. “Neste momento, a OMS estima que o balanço risco/benefício está a inclinar-se a favor da vacina AstraZeneca e recomenda que as vacinas continuem” a ser administradas, disse o organismo em nota divulgada na quarta-feira.