Menos de 24 horas depois de serem anunciados os resultados de um novo ensaio feito nos Estados Unidos, a dar conta da segurança e eficácia da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, as autoridades de saúde americanas alertam para a possibilidade de o estudo ter sido baseado em “informações desatualizadas” que “podem ter fornecido uma visão incompleta dos dados sobre a eficácia”.
Depois de uma semana de incerteza relativamente à vacina desenvolvida pela farmacêutica, em parceria com a Universidade de Oxford, e após vários países europeus (entre eles Portugal) terem suspendido a sua administração, a notícia divulgada esta segunda-feira de que a vacina era 79% eficaz na prevenção da Covid-19 em pessoas acima dos 65 anos e totalmente eficaz na prevenção das formas mais graves da doença ajudou a restaurar a confiança na AstraZeneca. Ainda de acordo com o mesmo estudo, não terá sido encontrada pela farmacêutica qualquer relação entre a vacina e os casos de tromboembolismo registados na Europa.
Afinal, noticia esta manhã o New York Times, pode não ser bem assim. De acordo com o jornal, foi num comunicado “muito incomum”, publicado às primeiras horas da madrugada, que o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas informou que o Conselho de Monitorização de Dados e Segurança (DSMB na sigla em inglês), regulador composto por peritos da área da saúde, sob a alçada dos Institutos Nacionais da Saúde, que está a supervisionar os ensaios da AstraZeneca no país, tinha dúvidas sobre os resultados. Recorde-se que o uso da vacina da farmacêutica anglo-sueca ainda não foi autorizado nos Estados Unidos.
“O DSMB manifestou preocupação pelo facto de a AstraZeneca poder ter incluído informações desatualizadas nesse ensaio, o que pode ter fornecido uma visão incompleta dos dados relativos à eficácia. Instamos a empresa a trabalhar com o DSMB para rever esses dados e assegurar que os dados de eficácia mais exatos e atualizados sejam tornados públicos o mais rapidamente possível”, escreveu o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas no comunicado.
Na passada quinta-feira, e baseada nas conclusões da investigação feita pelo Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância, a Agência Europeia de Medicamentos garantiu que a administração da vacina da AstraZeneca “não está associada a um aumento do risco de eventos tromboembólicos responsáveis pelos coágulos sanguíneos” e declarou a segurança e eficácia do medicamento.
AstraZeneca diz que vacina é “altamente eficaz” e não provocou casos de coagulação no sangue