Portugal apresenta esta quarta-feira o índice de transmissibilidade — o R(t) — mais elevado desde que a Direção-Geral da Saúde começou a divulgar a chamada “matriz de risco”, a 15 de março. Ou seja, o número de pessoas que alguém pode infetar nesta fase nunca foi maior na última semana e meia, aproximando-se de 1, valor considerado normal pelos especialistas. Por outro lado, no segundo indicador que está a ser usado para determinar o ritmo do desconfinamento, a taxa de incidência (número de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) é a mais baixa desse período.
No cruzamento que as autoridades de saúde fazem dos dois indicadores (e que divulgam às segundas, quartas e sextas), o país continua no quadrante verde. Só que aproxima-se cada vez mais de tons amarelos no R(t), que tem vindo sempre a subir gradualmente desde meio do mês — 0,83 a 15 de março; 0,84 a 17 de março; 0,86 no dia 19; 0,89 nesta segunda-feira; e, agora, 0,91 nesta quarta-feira. Ao contrário do que tem vindo a ser habitual, desta vez, este indicador a nível nacional coincide com o do continente (sem regiões autónomas).
Em sentido contrário, a taxa de incidência reportada nos boletins diários não tem parado de descer: foi de 96 casos de infeção por SARS-COV-2 por 100 mil habitantes no dia 15; 90,3 no dia 17; 87,2 na sexta-feira; 81,3 na segunda-feira e 77,6 nesta quarta.
Neste caso, a DGS indica uma diferença face à realidade do país sem a Madeira e os Açores — Portugal Continental teve 67,7 casos por 100 mil habitantes.
No boletim desta quarta-feira, a DGS mostra que houve 575 novas infeções no último dia, menos 98 do que no mesmo dia da semana passada. Será preciso recuar a 2 de setembro (390 casos) para encontrar um registo tão baixo a este dia da semana.
Lisboa e Vale do Tejo teve 45,6% desses casos (262 em 575). Seguem-se a região Norte (142 casos), Centro (68), Algarve (53), Madeira (39), Alentejo (6) e Açores (5).
Desde que começou a pandemia, houve 818.787 casos confirmados de infeção. Destes, 769.838 recuperaram (dos quais 752 doentes no último dia).
Há ainda menos 188 casos ativos do que no dia anterior, num total de 32.144 — o valor mais baixo desde 10 de outubro.
Os dados do boletim da DGS desta quarta-feira dão conta de menos 31 internamentos com Covid-19, para um total de 712. Há ainda menos 4 doentes em cuidados intensivos, num total de 155 camas ocupadas nestas unidades.
O valor agora atingido nos cuidados intensivos é uma redução de 4 face ao dia anterior e de 50 face a quarta-feira da semana passada. Nos últimos 7 dias ficaram vagas 50 camas, uma média de aproximadamente 7 por dia.
Se a média se mantiver nos próximos dias, será cumprida a previsão, do especialista Baltazar Nunes, de 120 camas em Unidades de Cuidados Intensivos no final do mês. É ainda o valor mais baixo desde 18 de outubro (na altura os mesmos 155 internados graves).
No caso de todos os internamentos, houve menos 31 do que no dia anterior, passando a ser o dia com menos internados desde 5 de outubro (na altura 701). Nos últimos 7 dias ficaram vagas 144 camas (média de aproximadamente 21 por dia).
Em relação às mortes, os 11 registos do boletim desta quarta-feira são um aumento (+1) face ao dia anterior, mas representam uma descida face ao mesmo dia da semana passada (-4). Nos últimos 7 dias morreram um total de 83 pessoas, uma média de aproximadamente 12 mortes por dia.
Seis dos óbitos (54,5%) foram registados em Lisboa e Vale do Tejo, que abrange o distrito de Lisboa e uma parte dos distritos de Setúbal, Santarém e Leiria. Os outros tiveram lugar na região Centro (4) e no Norte (1).
Em termos de idades, houve mortes em apenas dois escalões etários — na casa dos 50 anos (dois homens) e acima dos 80 anos (seis mulheres e três homens).
Artigo atualizado com mais informação sobre R(t)