O Grupo Parlamentar do PS, através do deputado João Paulo Correia, indicou esta quinta-feira que vai pedir que sejam feitos à comissão parlamentar de inquérito em curso depoimentos por escrito de responsáveis políticos como Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, alegando que estes sabiam dos problemas do Grupo Espírito Santo (GES) – e que estes podiam contagiar o banco – antes do aumento de capital que o BES viria a ter autorização para fazer.

A informação, avançada pela TVI, cita o deputado João Paulo Correia que disse que os depoimentos foram pedidos a Cavaco Silva, Durão Barroso, Pedro Passos Coelho. Os socialistas vão, também, requerer a audição presencial de Carlos Moedas, na altura Secretário de Estado Adjunto, e hoje candidato à Câmara Municipal de Lisboa. O Observador confirmou, entretanto, a intenção do grupo parlamentar do PS.

O PS baseia-se no que foi dito na audição desta quarta-feira pelo ex-vice-presidente do BES/Novo Banco José Honório que, numa fase anterior, foi convidado para ser líder da Rioforte, uma empresa do Grupo GES – cargo que acabaria por não aceitar. Nesse tempo, porém, chegou a ter várias reuniões com responsáveis políticos para falar sobre os problemas do Grupo Espírito Santo.

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José Honório tem essa particularidade de anteriormente ter sido convidado por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo para ser presidente da comissão executiva da Rio Forte – porém, rejeitou após analisar a informação sobre a Rioforte, ao constatar que seria um “projeto completamente inexequível” dada a dimensão da exposição da Rioforte às empresas do grupo em dificuldades (Espírito Santo International), que ascendia a 7,6 mil milhões de euros. José Honório estava, na altura, nos CTT mas tinha trabalhado mais de duas décadas com Pedro Queiroz Pereira, empresário que chegou a criar um grupo de trabalho para investigar os sinais de problemas financeiros no BES/GES (um grupo do qual Honório não fez parte).

Apesar de explicar que acabou por se desligar do processo, Honório chegou a estar em reuniões de “alto nível” que incluíam, além de Ricardo Salgado, figuras como Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Durão Barroso – e nessas reuniões Ricardo Salgado terá indagado sobre a possibilidade de a Caixa Geral de Depósitos (e, também, o BCP, admite José Honório) participar num financiamento ao grupo. Essas foram reuniões tidas antes do aumento de capital do banco, confirmou José Honório, sublinhando que o tema das reunião era a área não-financeira do grupo (GES).

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