Os Estados Unidos saudaram esta quinta-feira o anúncio de uma reunião na sexta-feira dos países ainda membros do acordo sobre o nuclear iraniano, afirmando estarem dispostos a “medidas recíprocas” com o Irão para regressarem ao texto.
“É uma etapa positiva”, disse perante os media o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, acrescentando que Washington, ausente na reunião organizada sexta-feira pela União Europeia (UE), partilhou com os seus parceiros as medidas para salvar o acordo de 2015, “incluindo através de um conjunto de medidas recíprocas iniciais”.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, anunciou esta quinta-feira a organização de uma reunião da comissão mista do acordo sobre o nuclear iraniano em videoconferência para “discutir a perspetiva de um eventual regresso dos Estados Unidos”. “A comissão mista será presidida, em nome do alto representante [o chefe da diplomacia] da UE, Josep Borrell, pelo secretário-geral adjunto e diretor político do Serviço europeu para a ação externa Enrique Mora e reunirá representantes da China, da França, da Alemanha, da Rússia, do Reino Unido e do Irão”, segundo um comunicado. “Os participantes discutirão a perspetiva de um eventual regresso dos Estados Unidos ao JCPOA (o Plano de Ação conjunto Global concluído em Viena em 2015) e de forma a assegurar a aplicação completa e eficaz do acordo por todas as partes”, lê-se no documento.
Na terça-feira, o Irão indiciou que faz depender a paragem da produção de urânio enriquecido a 20% do fim de “todas as sanções” dos Estados Unidos, em resposta a uma eventual proposta de Washington de retomar as negociações sobre energia nuclear. “O enriquecimento [de urânio] a 20% está em concordância com o artigo 36.º do JCPOA e só [pode conhecer um fim] se os Estados Unidos levantarem todas as sanções”, disse um alto responsável iraniano sob anonimato à televisão estatal de Teerão Press TV, em língua inglesa.
O JCPOA foi assinado entre o Irão e seis grandes potências — Estados Unidos, Rússia, República Popular da China, França, Reino Unido e Alemanha — mas Washington retirou-se de forma unilateral, durante a Presidência de Donald Trump. Biden já expressou vontade em regressar ao acordo mas com condições.
Irão começou a produzir urânio (20%) no passado mês de janeiro, transgredindo o pacto, que estipula o máximo de pureza até 3,67% e está também a usar centrifugadoras avançadas quando o JCPOA apenas permite os equipamentos de primeira geração.