O coordenador da Estratégia para as Ameaças de Saúde e Vacinas da Agência Europeia do Medicamento (EMA), Marco Cavaleri, disse que existe uma associação entre a vacina da AstraZeneca e a formação de coágulos sanguíneos, ainda que não se conheça como, segundo a entrevista publicada no jornal italiano Il Messagero.
Na minha opinião, podemos agora dizer que é claro que há uma associação com a vacina. O que causa esta reação, contudo, ainda não sabemos”, disse Marco Cavaleri. “Resumindo: nas próximas horas diremos que existe esta ligação, mas ainda temos que entender como acontece.”
Marco Cavaleri explicou ainda que procuram obter “uma imagem clara do que se está a passar, para definir precisamente esta síndrome induzida pela vacinação”. E que, “entre os vacinados, há mais casos de trombose cerebral em pessoas mais jovens do que seria de esperar. Isto teremos de dizer”, referiu.
A EMA está reunida, esta semana, para avaliar a relação entre a administração da vacina da AstraZeneca e os eventos tromboembólicos raros notificados em vários países, nomeadamente os coágulos sanguíneos. Espera-se que a agência se pronuncie sobre o assunto na quinta-feira.
Espera-se que EMA venha a recomendar limitações no uso da vacina da AstraZeneca relacionadas com a idade — como, aliás, está a ser feito em vários países —, disse o vice-ministro italiano da Saúde, Pierpaolo Sileri, citado pela agência de notícias italiana ANSA.
Mas Marco Cavaleri disse, na entrevista ao Il Messagero: “Esta semana começaremos a dar algumas indicações preliminares, mas dificilmente conseguiremos indicar limites de idade como os vários países têm feito”. O que é claro para o especialista é que a informação do produto será atualizada para conter que estes eventos podem ser potenciais efeitos secundários da vacina.
A EMA já tinha informado que, com base nos casos analisados, não tinha sido encontrado nenhum fator de risco específico associado à idade, género ou historial clínico de coagulação, mas que a investigação ia continuar.
A Agência Italiana do Medicamento vai reunir, esta terça-feira, com o Ministério da Saúde italiano para definir se serão feitas alterações nas indicações de uso da vacina da AstraZeneca também em Itália, mas, antes de uma decisão final, as autoridades italianas vão aguardar pelo parecer da EMA.
“É possível que, por precaução, a Agência Europeia de Medicamentos indique que para uma determinada categoria é melhor não usar a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19”, disse o vice-ministro da Saúde, que acrescentou que os benefícios continuam a ultrapassar os riscos.
Também um fonte da EMA disse à agência EFE que “ainda não chegou a uma conclusão” sobre a relação entra a administração da vacina da AstraZeneca e os eventos de tromboembolismo. A investigação que ainda “está a decorrer”, disse a mesma fonte. Avaliação de todos os relatórios disponíveis está a decorrer entre esta terça e sexta-feira e quanto estiver concluída será comunicada em conferência de imprensa.