O promotor de justiça italiano concluiu que o ex-ministro do Interior Matteo Salvini não deve ser julgado por ter bloqueado a entrada de mais de 100 imigrantes que estavam a bordo de um navio da guarda costeira, em 2019. De acordo com a Reuters, Andrea Bonomo considera que a conduta do líder da Liga Norte, um partido de extrema-direita italiano, “não é comparável ao crime de sequestro” e “não constitui crime”. Logo, para Bonomo, Salvini não deve ir a julgamento
As declarações, reveladas pela agência de notícias ANSA, aconteceram numa audiência preliminar na cidade siciliana de Catania um mês antes da decisão judicial sobre o caso. A acusação argumenta que Salvini sequestrou os migrantes ao não permitir que o barco desembarcasse na costa italiana e mantendo as pessoas no mar, com o calor que se vivia na região na altura, enquanto se aguardava que algum país europeu aceitasse acolhê-los.
Em causa está o navio ‘Eleonore’, com bandeira alemã, relativamente ao qual Salvini assinou a “proibição de entrada, trânsito e atracamento em águas territoriais italianas”. Este acontecimento decorreu em 2019, mas não foi a única ação de Matteo Salvini para impedir a entrada de migrantes no país.
Salvini trava navio alemão com 100 pessoas resgatadas do Mediterrâneo
Em 2018, o ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, conhecido pelas suas posições anti-refugiados, recusou a entrada em espaço italiano do barco de resgate “Lifeline”, que levava a bordo 224 migrantes que tinham sido resgatados junto à Líbia e, já antes, tinha havido uma recusa para a entrada do navio Aquarius, que acabou por seguir para Espanha.
Na altura, Matteo Salvini anunciou através de um vídeo transmitido em direto no Facebook, que se tinha aproximado da costa italiana um navio de resgate da ONG alemã “Lifeline” com bandeira holandesa e chamou “carne humana” aos imigrantes. “A Guarda Costeira italiana escreveu-lhes para que não fizessem nada, que a Líbia se ocupava do assunto, mas estes desgraçados, inclusivamente colocando a vida dos imigrantes em perigo nestes botes, não ouviram ninguém e intervieram carregando a sua quantidade de carne humana a bordo”, disse Salvini.
“Carne humana”. Matteo Salvini proíbe mais um barco de refugiados em Itália