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Evolução semanal de casos travaria desconfinamento em mais concelhos. Governo diz que decide por blocos de 15 dias

Este artigo tem mais de 2 anos

Avaliação semanal da incidência de casos da DGS travaria o confinamento em mais concelhos, mas Governo usa blocos de 15 dias. Médico de Saúde Pública critica recuo no desconfinamento.

O primeiro-ministro, António Costa, fala aos jornalistas após a reunião do Conselho de Ministros no Centro Cultural de Belém, Lisboa, 15 de abril de 2021. Segundo António Costa, após a análise da evolução da taxa de incidência e do ritmo de transmissão do vírus da covid-19, o Governo considerou hoje que era possível “evoluir para a próxima etapa do processo de desconfinamento”, ou seja, a terceira fase do plano que arranca na próxima segunda-feira. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
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O desconfinamento anunciado esta quinta-feira não usou os dois boletins de dados mais recentes da DGS

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O desconfinamento anunciado esta quinta-feira não usou os dois boletins de dados mais recentes da DGS

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O Governo comprometeu-se a fazer uma avaliação quinzenal do plano de desconfinamento e é com base nos dados disponíveis na semana do Conselho de Ministros que toma a decisão de avançar, travar ou recuar nas medidas. A Direção-Geral da Saúde, por sua vez, divulga semanalmente os dados de incidência acumulada que servem de base a essas decisões.

No primeiro caso, com avaliações em blocos de quinze dias, o Governo divide a avaliação em duas frequências (fazendo uma analogia com o ensino) e dá oportunidade a que se recupere nos 15 dias seguintes sob o risco de chumbar aquando a segunda avaliação. Já os dados semanais da DGS permitem fazer uma avaliação mais próxima da realidade, naquele momento, porque são muito menos distantes no tempo, explica Bernardo Mateiro Gomes ao Observador. No entanto, acrescenta o médico de Saúde Pública, tudo depende do objetivo que se tenha com a comparação.

Com o método escolhido, o Conselho de Ministros decidiu, esta quinta-feira, que quatro concelhos teriam de recuar no desconfinamento e outros seis teriam de travar e manter-se na mesma fase. A decisão foi tomada comparando os dados da incidência acumulada por concelho de 30 de março e de 13 de abril, anunciados, respetivamente, a 1 e 15 de abril, após a reunião do Conselho de Ministros.

Se fossem considerados também os dados de incidência de 6 de abril — entre as duas reuniões do Conselho de Ministros — haveria mais dois concelhos a recuar o desconfinamento e quatro que teriam de travar, em vez de avançarem para a terceira fase na segunda-feira, 19 de abril, como noticiou esta sexta-feira o Observador.

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Desconfinamento. Os seis concelhos que não desconfinam, os quatro que recuam e os 13 que ficam em alerta

“Os dois conjuntos de concelhos que foram comparados” foram “os concelhos que nessa altura [a 30 de março] estavam acima de 120 ou de 240” novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias e os que “que correspondem aos que foram publicados hoje [sexta-feira] no boletim da DGS”, que correspondem a 13 de abril, explicou fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro ao Observador.

De recordar que os concelhos que estavam acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes em duas avaliações deviam recuar no desconfinamento, ou seja, fechar o que abriram há duas semanas — esplanadas, lojas e ginásios —, e os que se estavam acima de 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias (mas abaixo dos 240 casos por 100 mil habitantes), duas avaliações seguidas, teriam de travar o desconfinamento e permanecer na segunda fase — sem abrir centros comerciais e restaurantes.

É sobretudo com esta estratégia rígida que Bernardo Mateiro Gomes discorda. “O uso de indicadores como a incidência ou o Rt deve ser complementado com dados qualitativos”, diz o médico de Saúde Pública, que questiona: “Porque se hão de fechar esplanadas, espaços ao ar livre, quando o risco está controlado?”. Para o médico, isto é particularmente penalizador para os concelhos pequenos.

Comparando os dados de cada semana, haveria mais concelhos a travar o desconfinamento

Olhando para os dados das três últimas semanas, em particular de 6 e 13 de abril, o Alandroal e Barrancos estão duas semanas seguidas acima de 240 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias, o que os poderiam fazer recuar no desconfinamento. Mas na lista divulgada esta quinta-feira, após o Conselho de Ministros, o Alandroal fica retido na segunda fase e Barrancos terá de ter atenção aos próximos 15 dias (apesar de já estar num nível de risco muito elevado). Os quatro concelhos que constam na lista que recua no desconfinamento estão, na verdade, há, pelo menos, três semanas acima dos 240 casos por 100 mil habitantes.

Concelhos Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr
Incidência a 30.Mar
Rio Maior 309 285 334
Moura 313 459 474
Alandroal 361 581 200
Portimão 382 317 308
Barrancos 551 428 0
Odemira 757 340 316

Fazendo o mesmo exercício para os concelhos que nas duas últimas semanas estiveram acima dos 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias, poderiam entrar quatro novos concelhos na lista daqueles que têm de travar o desconfinamento. Este concelhos estão, no entanto, na lista do Conselho de Ministros que serve de aviso para que nos próximos 15 dias, até à próxima avaliação, tentem travar o aumento do número de novos casos.

Concelhos Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr Incidência a 30.Mar
Penalva do Castelo 141 126 28
Figueira da Foz 145 128 121
Vila Franca de Xira 156 146 73
Carregal do Sal 162 227 302
Miranda do Corvo 173 165 55
Almeirim 177 129 93
Marinha Grande 182 169 203
Albufeira 226 159 161

O médico de Saúde Pública defende que, mais do que a incidência acumulada (em blocos de 15 dias ou contínua), é preciso uma análise mais fina do que se está a passar em cada concelho e se “as medidas restritivas vão ter um valor acrescentado”. De que serve fechar esplanadas se os surtos estiverem localizados e controlados, ou seja, se não houver transmissão na comunidade? Um dos exemplos é Odemira, que agora recua no desconfinamento, em que os surtos estão associados a trabalhadores sazonais que vivem em condições precárias.

Bernardo Mateiro Gomes vê pouca vantagem, neste momento, em recuar o desconfinamento, sobretudo em concelhos com menos população, porque traz muita instabilidade aos negócios que já estão com dificuldade em manter-se e, especialmente, se não houver demonstração de que esse recuo traz benefícios em termos de saúde pública.

Dois concelhos nos Açores no nível de risco extremamente elevado

Os dois únicos concelhos no nível de risco extremamente elevado — acima de 960 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias — localizam-se na ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, segundo o boletim epidemiológico da DGS. São eles Nordeste (1.049 casos por 100 mil habitantes) e Vila Franca do Campo (1.312 casos por 100 mil habitantes).

três concelhos no nível de risco muito elevado — entre 480 e 959,9 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias — Barrancos e Odemira, no continente, e Machico, na Madeira. Machico tem estado nas últimas semanas entre os concelhos com maior incidência.

No nível de risco elevado — entre 240 e 479,9 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias — estão sete concelhos do continente (Alandroal, Aljezur, Moura, Penela, Portimão, Resende e Rio Maior).

Os restantes 296 concelhos encontram-se no nível moderado, mas aqui distinguem-se os 17 concelhos que estão acima dos 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias (incluindo dois nos Açores e um na Madeira), dos restantes 279 abaixo deste limite — a linha vermelha definida pelo Governo.

Alandroal tem a maior descida na incidência e Vila Franca do Campo a maior subida, no espaço de uma semana

O Alandroal e Moura, dois concelhos que não avançam no desconfinamento, parecem estar no bom caminho para controlar a situação epidemiológica nos concelhos, visto estarem entre os 10 concelhos com maior descida na incidência acumulada a 14 dias entre 6 e 13 de abril.

Beja, Ribeira de Pena, Vila do Bispo e Vimioso destacam-se porque as descidas na incidência colocam os concelhos abaixo da linha vermelha, como referiu o primeiro-ministro na lista dos “bons exemplos”. No caso de Carregal do Sal a descida não foi suficiente e tem de parar o desconfinamento na segunda fase.

Concelhos Incidência a 13. Abr Incidência a 6.Abr Variação numa semana
Alandroal 361 581 -220
Vila do Bispo 0 175 -175
Vimioso 75 224 -149
Moura 313 459 -146
Monchique 20 118 -98
Vila Nova da Barquinha 13 94 -81
Ribeira Brava 40 113 -73
Ribeira de Pena 66 133 -67
Beja 107 173 -66
Carregal do Sal 162 227 -65

Há quatro concelhos açorianos entre os que mais aumentaram a incidência acumulada de 6 para 13 de abril — Vila Franca do Campo, Nordeste, Lagoa e Ribeira Grande.

Odemira aparece logo em terceiro lugar e é um dos concelhos que tem de recuar no desconfinamento e voltar a fechar esplanadas e lojas. Barrancos, apesar de estar a lista dos que têm a maior incidência esta semana e um dos maiores aumentos desde a semana passada, vai poder avançar no desconfinamento, segundo o anúncio de António Costa esta quinta-feira.

Concelhos Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr Variação numa semana
Vila Franca do Campo 1312 271 1041
Nordeste 1049 576 473
Odemira 757 340 417
Resende 385 79 306
Aljezur 304 72 232
Miranda do Douro 132 0 132
Penela 334 204 130
Lagoa, Azores 190 61 129
Barrancos 551 428 123
Ribeira Grande 146 30 116

Porto desce e Lisboa sobe a incidência, mas abaixo da linha vermelha

Entre os 15 concelhos com maior densidade populacional (Censos 2011) não há nenhum acima de 120 novos casos por 100 mil habitantes há, pelo menos, três semanas.

Na Área Metropolitana de Lisboa, Amadora, Almada, Odivelas e Seixal apresentam ligeiras descidas na incidência acumulada nas últimas semanas, enquanto Lisboa, Barreiro e Oeiras a tendência tem sido crescente. Já na Área Metropolitana do Porto, Maia e Matosinhos encontram-se com um nível de incidência estável, o Porto a descer e Espinho a subir.

Concelhos Incidência acumulada a 13.Abr Incidência acumulada a 6.Abr Incidência acumulada a 30.Mar
Amadora 68 92 99
Lisboa 97 89 85
Porto 60 78 97
Odivelas 58 57 69
Oeiras 73 77 69
Matosinhos 50 56 53
São João da Madeira 14 5 9
Almada 101 117 114
Barreiro 83 69 49
Cascais 45 55 60
Vila Nova de Gaia 54 45 66
Seixal 48 54 71
Maia 41 40 42
Espinho 91 71 68
Entroncamento 9 37 60

Beja tem a maior descida na incidência e Faro a maior subida

Beja e Faro são as duas capitais de distrito com incidência acumulada mais alta, mas enquanto Beja apresenta a maior descida, Faro apresenta a maior subida. De resto, todas as capitais de distrito estão abaixo da linha vermelha dos 120 novos casos por 100 mil habitantes.

Capital de distrito Incidência acumulada a 13.Abr Incidência acumulada a 6.Abr
Incidência acumulada a 30.Mar
Aveiro 42 52 52
Beja 107 173 134
Braga 36 38 26
Bragança 27 18 21
Castelo Branco 13 13 17
Coimbra 37 45 56
Évora 11 10 6
Faro 107 67 64
Guarda 13 8 18
Leiria 61 56 50
Lisboa 97 89 85
Portalegre 14 14 41
Porto 60 78 97
Santarém 16 23 33
Setúbal 69 62 77
Viana do Castelo 76 51 59
Vila Real 20 8 20
Viseu 14 10 11
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