A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, espera uma “boa participação” nas eleições legislativas deste domingo e alertou para os condicionalismos que possam influenciar o processo eleitoral.

“As expectativas são sobretudo que haja uma boa participação neste processo de votação para a escolha do destino do país nos próximos cinco anos”, começou por dizer Janira Hopffer Almada, após votar numa mesa instalada no polo da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), no bairro do Palmarejo.

A líder partidária disse esperar que todos os cidadãos eleitores se possam apresentar às urnas, participar na escolha, exercer o seu direito de voto e cumprir o seu dever cívico.

“Esperamos que não haja nenhum tipo de condicionalismos nem de condicionamento porque uma boa participação no processo de eleições é sobretudo uma garantia do reforço da democracia, é fundamental para o nosso Estado de direito democrático”, frisou.

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Janira Hopffer Almada manifestou ainda preocupação com o facto de no sábado, denominado “dia de reflexão”, ainda se estar a fazer campanha eleitoral, com mensagens por telemóvel de uma das candidaturas.

“Não só consubstancia uma grande violação do Código Eleitoral, como também demonstra uma desigualdade na luta, uma luta que se quer igual entre todos, sobretudo com igualdade dentro da campanha”, denunciou.

O presidente do PAICV avisou que ainda este domingo, nomeadamente na cidade da Praia, para alguns cadernos que foram impressos de forma incompleta e também para boletins de voto em algumas mesas com uma sinalização à frente do símbolo do PAICV.

Janira Hopffer Almada disse que o seu partido já comunicou essas duas situações à Comissão Nacional de Eleições (CNE), voltando a alertar para que não haja nada que possa de alguma forma influenciar indevidamente o processo eleitoral.

O presidente do até agora maior partido da oposição manifestou “grande confiança” nos cabo-verdianos, dizendo que o mais importante é que se manifestam de forma livre e consciente.

Sobre a possibilidade de vitória nestas eleições, disse que será sempre “vitórias de Cabo Verde”, acrescentando: “Ao fim ao cabo, é isso que nos motiva, os superiores interesses do país”.

Relativamente aos ajuntamentos de pessoas verificados durante a campanha eleitoral, em plena pandemia de covid-19, que já motivaram vários alertas, inclusive do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, a líder do PAICV disse ser importante todos continuarem a cumprir as regras sanitárias.

“Mas também avançar para a vacinação. Nós pensamos claramente que se deve ter o objetivo de vacinar 70% da população até outubro de 2021”, traçou a candidata, para quem é preciso garantir a imunidade de grupo para que o país volte a funcionar na normalidade.

Quase 393 mil eleitores cabo-verdianos são chamados hoje às urnas para as sétimas eleições legislativas de Cabo Verde, escolhendo entre 597 candidatos de seis partidos os 72 deputados ao parlamento na próxima legislatura.

A votação vai ainda definir o Governo para os próximos cinco anos e acontece num momento de recordes diários de novos infetados com o novo coronavírus no arquipélago.

As mesas de voto abriram depois das 07:00 locais (09:00 em Lisboa), embora a maioria com atraso devido a questões logísticas, constatou a Lusa.

A abertura oficial das assembleias de voto no arquipélago aconteceu uma hora antes do horário habitual das eleições legislativas anteriores, uma das medidas de prevenção definidas pela CNE de Cabo Verde devido à pandemia de covid-19 e a admissão de eleitores poderá ser feita até às 18:00 (20:00 em Lisboa), para “garantir o cumprimento das normas sanitárias vigentes no país” e “evitar a aglomeração de pessoas”.

Cabo Verde regista 20.254 casos acumulados de covid-19 desde 19 de março de 2020 em todas as ilhas do arquipélago, que provocaram 190 mortos por complicações associadas à doença e 17.964 já foram considerados recuperados, contando atualmente com 2.086 casos ativos, dos quais 1.041 na cidade da Praia.

Para estas eleições estão previstas 1.245 mesas de voto no arquipélago e 236 na diáspora, em 21 países, para um total de 392.993 eleitores recenseados.

Nas eleições legislativas cabo-verdianas são eleitos para um mandato de cinco anos 72 deputados, dois dos quais pelo círculo de África, dois pelo círculo da América e dois pelo círculo da Europa e resto do mundo.

As estas legislativas concorrem, em todos os 13 círculos eleitorais no país e no estrangeiro, o Movimento para a Democracia (MpD), o PAICV e União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), todos com representação parlamentar.

Depois, o Partido Popular (PP) concorre em cinco círculos, o Partido Social Democrata (PSD) em quatro e o Partido do Trabalho e da Solidariedade (PSD) em cinco.

O MpD, então na oposição, venceu com maioria absoluta (quase 54% dos votos) as eleições legislativas em 2016, afastando do poder, ao fim de 15 anos, o PAICV (ambos os partidos já venceram, cada um, três eleições legislativas).

Cabo Verde conta com uma população de cerca de 550 mil pessoas, mas estima-se que a comunidade cabo-verdiana na diáspora ultrapasse um milhão.

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Lusa/fim