A terceira vaga de Covid-19 fez aumentar o número de crianças que desenvolveram síndrome inflamatória multissistémica pediátrica (MIS-C), uma doença rara mas grave que se tem observado em crianças com Covid-19. De acordo com o Jornal de Notícias, desde janeiro foram identificados 83 quadros clínicos destes em três hospitais portugueses, mais de metade dos quais (47) no Hospital Dona Estefânia. Todos os doentes recuperaram.
Maria João Brito, chefe da unidade de infecciologia do Dona Estefânia, confirmou ao Jornal de Notícias que os primeiros três meses do ano registaram “três vezes mais casos do que no resto do ano inteiro”. O Hospital de Santa Maria também confirmou que, entre os 16 casos de Covid-19 acompanhados em crianças, cinco foram diagnosticados com MIS-C.
Marisa Vieira, coordenadora dos Cuidados Intensivos Pediátricos, disse ao Jornal de Notícias que três a quatro semanas após o pico de infeções pelo SARS-CoV-2, surge também um pico de MIS-C. Foi no Santa Maria que se registou o caso mais grave — o de um rapaz de 17 anos com febre, diarreia, dores abdominais, falta de forças e afetação cardíaca que teve de ser tratado em ECMO e que até ali não sabia que tinha Covid-19.
No Hospital Dona Estefânia, 93,3% dos doentes diagnosticados com MIS-C tiveram problemas de ordem cardíaca, nomeadamente uma miocardite (uma infeção no coração). Aqui, 28,9% das crianças com esta doença precisaram de ser acompanhadas em cuidados intensivos, mas no Santa Maria foram 15 das 16 crianças com Covid-19. No Hospital São João, entre os 20 casos assinaladas após o pico da segunda vaga, mais de metade foram para UCI.