A Superliga Europeia parece ser já uma memória — mas a verdade é que os ecos dos alucinantes últimos dias vão continuar a persistir, provavelmente, até ao final da temporada. Depois dos protestos junto aos estádios logo no dia em que a competição foi anunciada, depois da multidão que exigiu a saída do Chelsea da competição perto de Stamford Bridge, foi a vez de alguns adeptos do Manchester United tomarem uma posição.

Durante a manhã desta quinta-feira, mais de uma dúzia de adeptos dos red devils conseguiram entrar nas instalações do centro de treinos do Manchester United, em Carrington, com tarjas que pediam a saída da família Glazer, os norte-americanos que são desde 2005 os donos do clube inglês. “Glazers out” e “51% MUFC” eram as duas mensagens proeminentes, as duas entradas do recinto foram bloqueadas e o grupo de apoiantes conseguiu chegar ao relvado onde treina a equipa principal, exigindo depois ao responsável máximo pelas instalações a presença de Old Gunnar Solskjaer. O pedido começou por ser recusado mas a verdade é que o treinador norueguês acabou mesmo por sair para conversar com os “invasores”, acompanhado pela restante equipa técnica.

De acordo com a BBC, os adeptos perguntaram a Solskjaer “para onde” é que tinha ido a sua voz — isto porque, em 2005 e ainda enquanto jogador do Manchester United, foi uma das figuras que se colocou ao lado dos grupos organizados de adeptos e contra a aquisição da família Glazer. Em resposta, o técnico terá dito que “o Joel adora o clube”, em referência a Joel Glazer, o presidente dos red devils que era também, em conjunto com Andrea Agnelli, um dos vice-presidentes da Superliga Europeia. O Manchester United, entretanto, já emitiu um comunicado sobre o que aconteceu no centro de treinos durante a manhã desta quinta-feira.

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“Esta manhã, aproximadamente às 9h, um grupo conseguiu ter acesso ao centro de treinos do clube. O treinador e outras pessoas falaram com eles. Os edifícios estavam seguros e o grupo já deixou o local”, limitou-se a dizer o clube inglês. Também esta manhã, alguns adeptos do Real Madrid juntaram-se perto do Santiago Bernabéu, que está em obras, para protestar contra a Superliga Europeia — de onde o clube merengue, assim como o Barcelona, ainda não saiu. De recordar que, esta quarta-feira, Joel Glazer assinou uma longa carta endereçada aos adeptos onde pediu desculpa pelos acontecimentos da Superliga Europeia e garantiu que vai trabalhar para “reconstruir a confiança”.

“Ao longo dos últimos dias, todos testemunhámos a grande paixão que o futebol gera e lealdade profunda que os nossos adeptos têm por este grande clubes. Deixaram bem clara a vossa oposição à Superliga Europeia e nós ouvimos. Errámos, e queremos mostrar que podemos corrigir as coisas. Ainda que as feridas ainda estejam abertas, e eu percebo que vai levar tempo até que as cicatrizes estejam saradas, estou pessoalmente comprometido com a tarefa de reconstruir a confiança dos nossos adeptos e aprender com a mensagem que todos expressaram com tanta convicção (…) Na busca pela criação de uma fundação mais estável para a modalidade, falhámos em mostrar respeito suficiente pelas suas tradições muito enraizadas — promoção, despromoção, a pirâmide — e, por isso, pedimos desculpa. Este é o maior clube de futebol do mundo e pedimos desculpa, sem reservas, pelo transtorno causado nos últimos dias. É importante para nós corrigir isso”, podia ler-se no texto divulgado esta quarta-feira pelos meios oficiais do Manchester United.