O Nepal registou 9.070 novos casos de infeção pelo novo coronavírus na passada quinta-feira — um número 30 vezes superior ao registado há um mês. Mais: das cerca de 3.500 pessoas que morreram no país desde o início da pandemia, 400 destes óbitos foram registados nas últimas duas semanas. Os médicos temem o pior.
Vários médicos nepaleses alertaram esta sexta-feira, segundo a Associated Press, para uma grande onda de Covid-19, com os casos diários a atingirem novos valores máximos, dia após dia, e os hospitais a ficarem sem camas e oxigénio.
Neste momento, não há camas disponíveis em nenhum hospital que esteja a tratar doentes com Covid-19. Mesmo que houvesse camas disponíveis, há uma enorme escassez de oxigénio e nem sequer estamos no auge da crise“, disse Jyotindra Sharma, chefe de um hospital em Katmandu, à Associated Press.
Apesar do aumento dos casos na vizinha Índia, os ajuntamentos em massa, como festivais religiosos, eventos políticos e casamentos continuaram no país, relata a Associated Press. No mês passado, foi imposto um confinamento nas principais cidades e vilas do país, e foram suspensos todos os voos — mas as medidas já não foram a tempo de travar o aumento de casos que se tem registado.
No início da semana, o primeiro-ministro do Nepal, Khadga Prasad Oli, pediu ajuda internacional para garantir o fornecimento de vacinas e produtos médicos e hospitalares para ajudar o país a combater o vírus. A par com o aumento de casos, a campanha de vacinação do Nepal, que começou em janeiro, tem enfrentado dificuldades: num país de 30 milhões, apenas 2,4 milhões receberam a primeira dose e uma pequena fração da população recebeu as duas.
Alguns hospitais já estão a fazer listas de espera para internar doentes com Covid-19. No Hospital Universitário Tribhuvan, vários doentes foram colocados em camas nas varadas, ao lado de botijas de oxigénio. Outros foram mesmo recusados porque não há espaço ou equipamento suficiente. “Em situações extremas, as pessoas podem estar a morrer nas ruas”, apontou Sharma, lembrando que “simplesmente não é possível aumentar imediatamente a capacidade dos hospitais”.