Morreu a atriz Maria João Abreu aos 57 anos. A artista tinha sofrido um aneurisma cerebral durante as gravações da novela da SIC em que participava e estava a ser acompanhada no Hospital Garcia de Orta, em Lisboa. A atriz desmaiou depois de ter apresentado alguns sinais de mal-estar, incluindo falhas no raciocínio.

O velório é no próximo sábado, a partir das 11h00, na Igreja São João de Deus, na Praça de Londres. A missa está agendada para as 17h00 e, uma hora depois, o cortejo fúnebre sai em direção ao crematório Alto de São João, onde deverá chegar às 19h00.

O marido de Maria João Abreu, o músico João Soares, publicou uma fotografia da atriz nas redes sociais e confirmou a morte da artista: “A minha João partiu. Infelizmente, todo o meu amor por ela, todo o amor da família e todo o amor dos amigos não foi suficiente para impedir que esta viagem se iniciasse. Algo ou alguém lá em cima, com muita força… com muita, muita, muita mais força levou-a para junto de si.”

E continua: “Acredito que tenha sido porque ela é precisa, é necessária, faz falta lá, ainda mais do que faz falta aqui… e porque não tomaram em conta o que me faz falta a mim. Para onde vai, vai fazer aquilo que sempre fez: cuidar! Agora pode fazê-lo sempre. A todos. O meu Anjo ganhou asas. A minha João partiu. Até já, meu amor. Cuidarei dos nossos. Estaremos juntos quando assim acontecer. Espera-me. Teu. Sempre teu.”

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Na sequência da morte de Maria João Abreu, a Academia Portuguesa de Cinema decidiu adiar o anúncio dos nomeados à 10.ª edição dos Prémios Sophia, previsto para esta tarde, para a próxima terça-feira, 18 de maio, às 17h. Numa nota de imprensa emitida ao início da tarde, a Academia recorda “o talento e enorme legado que a atriz deixa na televisão, no cinema e no teatro português”.

Maria João Abreu. A “atriz preferida do público” que soube esperar pelo papel principal

Herman José fala de uma atriz com “excesso de bondade”

Em declarações à Rádio Observador, o ator e encenador Carlos Avillez sublinha que morreu “uma mulher que faz falta ao teatro” e que era “extraordinária humanamente”: “Era extraordinário como ela fazia novela, como ela fazia teatro, como ela fazia tudo. Um exemplo como pessoa, um exemplo como colega. Morreu uma grande atriz e uma grande mulher.” O artista lembra que, no início da carreira de Maria João Abreu, assistiu a um espetáculo dela no Teatro Maria Vitória, e aplaudiu-a de pé porque era “uma ótima atriz”.

Herman José sublinhou da “excesso de bondade” que caracterizava Maria João Abreu: “Os bondosos tendem a sofrer mais” porque “escolhem acreditar nas pessoas erradas”. “Não lhe tinha feito mal nenhum ser um pouco mais perversa”, considerou o humorista em reação à morte da artista na Rádio Observador. Herman José considera que a área artística pode ser madrasta porque “quando se está melhor muitas vezes esquece-se da palavra ‘não’“.

Teresa Guilherme diz que há muitas frentes em que a atriz deixa um vazio, o primeiro deles na família. “Deixa um vazio na sua família, e deixa um vazio nos nossos palcos e na televisão. É um desperdício, não consigo dizer outra palavra. Perdemos uma atriz assim, e uma pessoa assim, é uma grande perda”, sublinhou a apresentadora e produtora de televisão.

Presidente da República lamenta morte precoce de Maria João Abreu

Marcelo Rebelo de Sousa publicou uma nota de pesar no site da Presidência da República, recordando como “o humor, a emoção e a empatia ligam-nos aos outros, até aos outros que não conhecemos, como é o caso dos atores e das atrizes”. Marcelo recorda a atriz como “uma figura que representava para muitos portugueses a familiaridade de quem está connosco porque se parece connosco”.

Apresentando as condolências à família da atriz, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou como Maria João Abreu partiu “precocemente”, e considerou que escolheu a comédia “talvez por ser a abordagem que lhe era mais natural”: a “projeção dos nossos afetos e dos nossos problemas, a proximidade humana”, sublinha o Presidente da República.

Já a ministra da Cultura recordou, na SIC Notícias, Maria João Abreu como “uma atriz muito especial”, com um “percurso extraordinário” no teatro, na televisão e no cinema. “É alguém que deixa um lugar dificilmente preenchível”, acrescentou Graça Fonseca, que caracterizou a atriz como alguém era “muito especial” não só em “todas as dimensões artísticas, mas também como mulher”.

No comunicado emitido pelo gabinete da ministra, recorda-se a atriz como “uma das intérpretes mais queridas pelo público português e uma figura inesquecível” da televisão e dos palcos. “A cultura portuguesa perde hoje uma das suas atrizes mais marcantes, que sempre aceitou a sua popularidade não como um pedestal, mas como uma forma de constantemente se desafiar e de arriscar e inovar nos palcos.”

Maria João Abreu, lê-se na nota, destacou-se também “pelo seu lado humano, de mulher generosa e atenta às causas sociais às quais se dedicava com o mesmo empenho que colocava no seu trabalho e com a empatia que todos lhe reconheciam”.

No Twitter, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, lamentou a morte da atriz: “Boa gente. Faz-nos falta.”

Na mesma rede, Carlos Moedas, candidato do PSD à Presidência da Câmara de Lisboa, refere-se à atriz como uma mulher da cultura, do cinema, da televisão e do teatro. “Uma lisboeta, que marcou várias gerações e que encheu salas de espetáculo por todo o país, em particular na nossa cidade. O país fica hoje mais pobre.”

Felipe La Féria refere-se à atriz como “a rainha do teatro”

Felipe La Féria, que escolheu a atriz para o papel principal na peça “Rainha do Ferro Velho”, guarda “as melhores memórias” de Maria João Abreu, recordando-a como uma atriz exímia em qualquer meio, mas também como “uma mãe extraordinária”. Falando à Rádio Observador, o encenador referiu-se à artista como “a rainha do teatro” e considera a sua partida uma “injustiça”.

Ouça aqui as declarações do encenador.

Filipe La Feria: “A Maria João era uma rainha do teatro”

Em declarações à SIC Notícias, o realizador António Pedro Vasconcelos também fala de injustiça referindo-se à morte de Maria João Abreu: “Isto é uma notícia terrível. Qualquer pessoa que morre é uma injustiça, mas no caso dela é ainda maior porque tinha ainda muitos anos para dar”, disse ele. O realizador, que trabalhou com a atriz nas rodagens de um filme, classifica esse projeto como “uma experiência absolutamente fantástica”: “Era uma atriz que podia fazer tudo.”

“Vou recordá-la para sempre, porque ela fez um filme comigo e posso ver o filme sempre que quiser e lembrar-me dela”, acrescentou António Pedro Vasconcelos.

Daniel Oliveira, diretor de programas da SIC, lembra a atriz como alguém com quem era muito fácil trabalhar, que deixa um legado de talento, de boa energia. “Tocou as pessoas que conheceu de uma forma muito particular. Tinha essa capacidade mobilizadora, de fazer peças de teatro, de tentar ter ideias para fazer coisas diferentes, completamente comprometida com as causas em que acreditava.”

Daniel Oliveira diz ainda que Maria João era muito ligada a ajudar os outros: “Era um pouco a mãe das pessoas que ela conhecia nessas peças e nesses trabalhos. É alguém que deixa uma saudade imensa. Tem esse legado do talento e do reconhecimento popular de alguém que era capaz de fazer tudo aquilo.”

A estação de Carnaxide também emitiu um comunicado oficial: “É com profundo pesar que a SIC lamenta a morte da nossa Maria João Abreu, uma mulher e atriz extraordinária, com um talento ímpar na arte de representar. Vivemos momentos felizes e inesquecíveis, que ficarão para sempre na nossa memória. A toda a família, endereçamos as nossas sentidas condolências.”

Ana Bola: “Lamento muito que tenha partido um ser tão bom”

“Vou recordá-la como uma pessoa muito boa, muito bem formada, uma mulher de família”, recorda Ana Bola, colega de profissão de Maria João. Em declarações à SIC Notícias, lembra a atriz como uma pessoa com muito sentido de humor, sempre muito bem disposta. “Toda a vida trabalhou muito para ajudar a família e os amigos e toda a vida ela foi uma grande e excelente atriz.”

“Neste país, muitas vezes só se reconhece o real valor dos artistas depois de eles andarem cá muitos anos a carimbar e às vezes a passar dificuldades. Acho que isso aconteceu um bocadinho com a Maria João e revolta-me um bocadinho”, confessou Ana Bola. “Lamento muito que tenha partido um ser tão bom.”

O ator Rui Mendes, que contracenou com Maria João Abreu em projetos televisivos, sorri ao recordar a facilidade “enorme” com que a atriz conseguia chorar, de propósito, enquanto contracenava: “Nunca vi um ator ou atriz com uma capacidade tão grande de fazer chegar às lágrimas aos olhos, o que transparece uma enorme sensibilidade.” O artista recorda a colega como “uma atriz extraordinária, uma pessoa fabulosa” que em palco “era capaz de fazer tudo”. “Não é idade para se desaparecer. É muito triste, é uma grande perda para o teatro, o cinema e a televisão portugueses”, considerou.

Ouça aqui as declarações de ator.

Rui Mendes: “A Maria João Abreu era uma amiga de todos”

Ricardo Carriço: “É um verdadeiro soco no estômago”

Numa mensagem vídeo, divulgada pela SIC, o ator Ricardo Carriço diz que a morte da colega uma “atriz extraordinária e um ser humano fantástico”, “é um verdadeiro soco no estômago”.

“Todos nós estávamos na esperança de que conseguisses ultrapassar toda esta fase”, sublinhou, dirigindo-se à falecida artista.

Nas redes sociais, o ator Tiago Rodrigues publicou uma fotografia de Maria João Abreu e lamentou a morte da artista: “A partida da Maria João Abreu invade-nos de uma profunda tristeza, mas também de enorme gratidão por termos sido bafejados pelo seu talento e generosidade. Abraços sentidos à família, amigos e colegas mais próximos”, escreveu no Facebook.

A partida da Maria João Abreu invade-nos de uma profunda tristeza, mas também de enorme gratidão por termos sido…

Posted by Tiago Rodrigues on Thursday, May 13, 2021

Fernanda Serrano também reagiu à morte da atriz na Rádio Observador. Embora nunca tenha trabalhado diretamente com ela, Fernanda Serrano diz não conhecer ninguém que não gostasse de Maria João Abreu: era “uma pessoa simples”, algo que a artista considera raro naquele meio. “Alguns [atores] são egocêntricos, até de mais”, considerou Fernanda Serrano, mas Maria João Abreu era “generosa”, preferindo às vezes fazer brilhar os colegas do que a si própria.

Vicente Alves do Ó: “Eu acreditava que ainda podia haver um milagre”

Vicente Alves do Ó, argumentista e realizador, admitiu na SIC Notícias que ainda está “em choque” com a morte de Maria João Abreu: “Eu acreditava que ainda podia haver um milagre. Achamos que há certas pessoas que iluminam tanto o nosso país e a arte que merecem uma atenção especial.” O artista classifica a atriz como “uma joia da arte da representação em Portugal” e “uma joia de uma humanidade que conseguia comunicar com toda a gente”. “Essa é umas das qualidades da Maria João”, prosseguiu Vicente Alves do Ó, referindo-se à atriz propositadamente no presente.

O ator César Mourão também se referiu a Maria João Abreu como alguém com “uma alegria muito própria”. “Sempre foi uma pessoa de uma alegria extrema, com um lado caloroso incrível”, considerou. Uma das coisas que mais o abalou com a notícia da morte de Maria João Abreu é que, da última vez que se cruzou com ela, num corredor da SIC, foi para ela o felicitar pelo último trabalho, referindo que podia não ter oportunidade de o dizer noutra altura.

É no Twitter que o músico Agir lamenta a morte da artista: “Querida Maria João, foi um honra trabalhar contigo e poder conhecer um pouco melhor a pessoa maravilhosa que és. A Cultura e o Mundo ficaram mais pobres.”

Bruno de Carvalho: “Ficámos todos mais pobres”

É nas redes sociais que o antigo presidente do Sporting Bruno Carvalho lamenta a morte da atriz “simpática, inteligente e divertida”, acrescentando que “quem teve a sorte de a conhecer sabe que ficámos todos mais pobres”.