O Centro do Atlântico, iniciativa de Portugal que integra 16 países, esta sexta-feira formalizado, representa uma “nova frente de apoio à paz e à estabilidade no oceano Atlântico“, sublinhou o ministro da Defesa Nacional.

“Aquilo que nós estamos esta sexta-feira a celebrar é um momento inaugural de uma instituição pioneira, que pela primeira vez na história reúne os países atlânticos em torno daquilo que os une que é o oceano Atlântico. Parece estranho que isso nunca tenha acontecido no passado”, avançou, em declarações aos jornalistas, João Gomes Cravinho.

O ministro falava na Praia da Vitória, na ilha Terceira, à margem de um exercício de simulação de um resgate no mar, numa situação de pirataria, que envolveu a Marinha e a Força Aérea portuguesas. O exercício encerrou um curso intensivo, iniciado na segunda-feira, na base das Lajes, na ilha Terceira, sobre segurança marítima no golfo da Guiné, que contou com a participação de 25 auditores de 13 nacionalidades.

Esta foi a primeira iniciativa organizada pelo Centro do Atlântico, que é esta sexta-feira formalizado, através de uma declaração política conjunta assinada por 16 países.

João Gomes Cravinho disse que a proposta do Ministério da Defesa português, lançada ainda pelo anterior ministro, Azeredo Lopes, foi “recebida de forma muito espontânea, muito imediata” e “com grande satisfação” pelos restantes países que integram o centro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Aquilo que estamos a propor aqui é, na realidade, uma nova perspetiva, uma nova frente de apoio à paz e à estabilidade no oceano Atlântico, que é tão importante para nós e para tantos outros países”, frisou.

Segundo o ministro da Defesa, o centro vai permitir um diálogo político “que nunca aconteceu“, envolvendo todas as partes do Atlântico, mas também a partilha de conhecimento entre universidades, centros de investigação e forças armadas dos diferentes países e a capacitação e formação.

“Tivemos aqui esta semana o primeiro curso de muitos, esperemos, juntando auditores e muitos países do Atlântico e professores de um elevado número de países para criar um conhecimento partilhado”, reforçou.

A participação no centro é “aberta a todos os países do Atlântico“, tendo como critério fundamental “o empenho na paz e na estabilidade do Atlântico”.

Para além de Portugal, assinam a declaração conjunta Alemanha, Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Estados Unidos da América, França, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Marrocos, Reino Unido, São Tomé e Príncipe, Senegal e Uruguai.

A sede do centro será instalada na base das Lajes, na ilha Terceira, em infraestruturas desocupadas pela Força Aérea norte-americana.

“Nós queremos que a base das Lajes seja o epicentro do Atlantic Centre. Os cursos, tal como aquele que esta sexta-feira acaba, terão lugar aqui na base das Lajes, que tem excelentes instalações e haverá um investimento do Ministério da Defesa em novas infraestruturas”, avançou Gomes Cravinho.

A instituição, que chegou a chamar-se Centro de Defesa do Atlântico, foi anunciada como uma forma de mitigação da redução militar norte-americana na base das Lajes, iniciada em 2015, mas, questionado sobre os postos de emprego que poderá vir a criar na ilha Terceira, o ministro disse que ainda não é possível quantificar.

“A relevância do Atlantic Centre vai muito para além da mera ideia de criar novos empregos para substituir empregos que entretanto desapareceram. Alguns empregos virão, empregos qualificados, o que levará à fixação de pessoas aqui na ilha Terceira, mas neste momento ainda é muito cedo para poder quantificar. Daqui a alguns anos estaremos em condições de responder a essa pergunta, mas alguns empregos, seguramente que sim”, afirmou.