Depois de uma fase de apuramento verdadeiramente arrasadora por parte das equipas portuguesas, que pela primeira vez na história fizeram o pleno na Final Four, as meias-finais da Liga Europeia mostraram mais uma vez toda a qualidade dos conjuntos nacionais na modalidade, com dois encontros eletrizantes e de final aberto que acabaram com a reedição da última decisão na prova, em 2019. E o vencedor iria ser sempre bafejado pela fortuna de uma segunda vida que lhe foi concedida para alcançar o sucesso na grande competição europeia.

Sporting vence FC Porto no prolongamento e revalida título de campeão europeu no hóquei em patins

No caso do FC Porto, a lição do último jogo com o Benfica no Campeonato não foi aprendida e a Oliveirense só precisou de 15 minutos para chegar a uma vantagem de quatro golos. No entanto, e ao contrário do que tinha acontecido no clássico, os dragões encetaram uma fantástica recuperação muito assente em elementos que têm por norma menos minutos como Eze Mena, Di Benedetto ou Poka e ganharam por 6-4, tendo mais uma chance para quebrar um longo jejum sem o principal título europeu após dez finais perdidas. Já o Sporting, que teve um dérbi de nervos com o Benfica decidido nas grandes penalidades, conseguiu chegar ao jogo decisivo para tentar revalidar a conquista do troféu sabendo que na última temporada, que acabou por ser suspensa devido à pandemia, não iria conseguir sequer a qualificação para os quartos de final da competição.

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No duelo direto, e depois de uma série de dez partidas entre 2014 e 2018 sem derrotas por parte do FC Porto, o Sporting ganhara ascendente sobre os azuis e brancos com sete vitórias nos últimos 11 confrontos, dos quais uma Supertaça que foi para os dragões e uma Liga Europeia e uma Taça Continental que caíram para os leões. Agora, em novo duelo a valer título, os leões voltaram a ser mais fortes no tempo extra e confirmaram um ano que confirma como nunca a profecia do fundador José Alvalade quando nasceu o Sporting: “Um grande clube, tão grande como os maiores da Europa”. Depois do futsal, também o hóquei em patins é campeão europeu, conseguindo um feito histórico ao tornar-se a primeira equipa portuguesa a ganhar a prova em edições consecutivas. E tudo num ano marcado pela quebra do maior jejum de sempre do futebol no Campeonato.

Sporting vence FC Porto e sagra-se campeão europeu de hóquei em patins 42 anos depois

Guillem Cabestany tinha pedido uma entrada diferente no jogo e aquilo que foram duas desvantagens muito madrugadoras transformaram-se num avanço de dois golos em cinco minutos: numa fase em que as equipas se encontravam ainda em período de estudo e sem grandes riscos no plano ofensivo, Rafa inaugurou o marcador num desvio oportuno à entrada da área após remate de meia distância de Reinaldo Garcia (4′) e Gonçalo Alves aumentou a vantagem num livre direto após cartão azul a Matías Plateto (5′). O Sporting rodava os jogadores de campo, procurava outras soluções ofensivas mas não conseguia criar grande perigo junto da baliza de Xavi Malián, permitindo que os azuis e brancos fossem gerindo da melhor forma a vantagem conseguida.

Paulo Freitas parou então o encontro, foi testando outras soluções com Romero, Verona e Toni Pérez na pista, viu Xavi Malián evitar em lances consecutivos na mesma jogada os golos de Verona e Toni Pérez (10′) mas os leões conseguiriam mesmo reentrar na partida num golo muito semelhante ao primeiro dos dragões, tendo Gonzalo Romero a arriscar a meia distância em cima do limite do tempo de ataque e Matías Platero a desviar à entrada da área para o 2-1 (12′). O FC Porto conseguiu depois voltar a melhorar no plano ofensivo, Girão teve duas defesas providenciais a remates de Gonçalo Alves e Di Benedetto (19′) e o encontro chegaria ao intervalo de forma atípica: Ferran Font foi expulso com vermelho direto depois da dupla de arbitragem considerar que agrediu Reinaldo Garcia (23′), Girão travou o livre direto (23′), o FC Porto não tirou vantagem da superioridade numérica e a partida terminaria 3×3 com o cartão azul a Reinaldo Garcia (24′), com Xavi Malián a evitar depois males maiores ao travar o livre direto e a recarga de Gonzalo Romero em cima do intervalo.

Também pela inferioridade numérica das duas equipas, a segunda parte começou com uma toada mais morna e ataques organizados com maior duração, com os dez minutos iniciais a correrem com apenas três oportunidades flagrantes entre os dois conjuntos: Xavi Barroso acertou na trave num remate de meia distância (29′), Toni Pérez teve também um desvio à trave (33′) e Alessandro Verona desperdiçou um livre direto pela décima falta do conjunto azul e branco (34′). No entanto, o apertar do critério por parte da dupla espanhola de árbitros viria a tornar o encontro diferente, aumentando também a incerteza no encontro até ao final. 

Com o Sporting a fazer quase tantas faltas em dois minutos do que até essa fase, o FC Porto permitiu uma saída rápida dos leões com falta de Poka e o internacional português viu mesmo cartão azul por ter acertado com o stick na mão de um jogador dos verde e brancos sendo claro nas imagens que antes tinha escorregado após ter sofrido um toque (37′). Romero voltou a desperdiçar um livre direto mas, em situação de power play, o conjunto leonino chegou mesmo ao empate por Toni Pérez, abrindo por completo os últimos dez minutos (38′). Com o passar dos minutos as equipas foram arriscando menos, Xavi Malián e Girão fecharam a baliza e o encontro foi mesmo para prolongamento, decidido num minuto com um golo de Toni Pérez após remate de Telmo Pinto entre muitos protestos dos portistas pela ação do espanhol e um livre direto de Romero por cartão azul a Reinaldo Garcia (53′). Gonçalo Alves ainda reduziu de penálti (57′) e acertou na trave mas uma distração do FC Porto, que jogou com mais um, valeu o vermelho a Reinaldo Garcia e Cabestany a um minuto e meio do final.