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"É o dia em que os avós podem dizer aos netos que os do bem também ganham". Sporting recebido por Medina na Câmara de Lisboa

Este artigo tem mais de 3 anos

Sporting foi recebido na CML e Varandas proferiu um longo discurso em que atirou farpas a Benfica e FC Porto. Leões não podem desperdiçar "oportunidade de mudar paradigma do futebol português", disse.

Varandas, Amorim e Coates receberam as habituais figuras de Santo António das mãos de Fernando Medina
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Varandas, Amorim e Coates receberam as habituais figuras de Santo António das mãos de Fernando Medina

LUSA

Varandas, Amorim e Coates receberam as habituais figuras de Santo António das mãos de Fernando Medina

LUSA

Depois do futsal, com a Liga dos Campeões, e depois do hóquei em patins, com a Liga Europeia, Frederico Varandas deslocava-se à Câmara Municipal de Lisboa pela terceira vez no espaço de duas semanas. Desta feita, o presidente do Sporting acompanhava a equipa principal de futebol, que conseguiu encerrar um jejum de 19 anos sem conquistar a Primeira Liga e terminou esta quarta-feira uma época em que sofreu apenas duas derrotas em todas as competições nacionais.

Depois do jogo contra o Marítimo, em que o Sporting goleou os madeirenses, Pedro Gonçalves foi coroado o melhor marcador do Campeonato e João Pereira terminou a carreira, os jogadores dos leões regressaram à Academia. Já esta quinta-feira, o dia começou com um último treino, onde a equipa recebeu o plano de gestão física a cumprir nas férias e até ao regresso dos trabalhos, que ainda não tem data. A comitiva saiu depois em direção ao Estádio José Alvalade, de onde partiu para os Paços do Concelho. Uma receção por parte de Fernando Medina que, noutros tempos, provocaria uma enorme enchente na Praça do Município: a Covid-19 e os polémicos festejos no dia do título, porém, levaram as autoridades a decretar que esta seria uma “cerimónia exclusiva para convidados”.

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“Tendo em conta os acontecimentos da noite passada [dia 11], a Câmara Municipal de Lisboa decidiu alterar os moldes em que se vai processar a receção e homenagem nos Paços do Concelho ao campeão nacional de futebol — esse sim, um evento organizado pela autarquia (…) Não será permitida a presença de adeptos na Praça do Município, bem como nas praças e ruas adjacentes, estando a cerimónia reservada a convidados e atletas do Sporting Clube de Portugal [em especial das escolas do Sporting], bem como aos órgãos de comunicação social”, podia ler-se no comunicado emitido pela autarquia lisboeta na semana passada. A Praça contava assim com vários lugares devidamente marcados e afastados entre si, para todos os convidados, incluindo os órgãos sociais do clube.

O autocarro do Sporting chegou à Câmara Municipal de Lisboa cerca de 10 minutos depois das 16h e a comitiva foi liderada por Frederico Varandas, com Coates a aparecer no último grupo, acompanhado por Paulinho, Adán e Pedro Porro, com o troféu de campeão nacional nas mãos. O central uruguaio foi o primeiro a aparecer na varanda da Câmara, acolhendo depois a companhia da restante equipa, e mostrou a taça a todos os convidados que estavam na Praça do Município. Já no palanque montado em frente ao edifício, Fernando Medina foi o primeiro a tomar a palavra.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

“Parabéns, Sporting Clube de Portugal. Parabéns aos jogadores, a equipa técnica, ao staff, à direção, aos adeptos e aos associados. Parabéns a todos por esta grande vitória. O Sporting é, com inteira justiça, o campeão nacional de futebol. No desporto, como em todas as áreas da vida, o sucesso não é fruto do acaso. Esta é uma vitória do trabalho, da competência, do método (…) O Sporting Clube de Portugal está a viver um grande momento e é justo que isso seja devidamente assinalado. Em duas semanas, além do título que hoje celebramos, sagrou-se brilhantemente campeão europeu de futsal e de hóquei em patins. Sei bem do orgulho que o Sporting e que os sportinguistas têm do ecletismo do seu clube e este é um momento de particular felicidade”, começou por dizer o autarca, deixando depois algumas palavras a Rúben Amorim.

“Permitam-me uma palavra especial para o treinador principal desta equipa, que é uma das grandes figuras desta conquista. O Rúben Amorim é um alfacinha de gema cuja carreira de jogador e treinador é ela própria, com um curto desvio minhoto, um verdadeiro hino aos clubes de Lisboa. Benfica, Belenenses, Casa Pia e Sporting. Parabéns, Rúben Amorim, pelo título, mas também pela capacidade de trazer uma lufada de ar fresco ao futebol português. Votos da maior felicidade para uma carreira que ainda está no seu início. Parabéns também à equipa técnica que o acompanha, também ela marcada pela juventude, e a todo o seu staff de apoio. Parabéns aos jogadores, a todos os jogadores. Uma equipa com muitos jovens, muitos deles saídos da formação, que prometem um grande futuro para o futebol nacional e confirmam que a formação está no ADN estrutural do clube. Uma palavra especial ao capitão Coates que foi, ao longo da temporada, a imagem da determinação e da garra desta equipa de leões. Esta equipa é um belo exemplo para os jovens das muitas escolas do Sporting que podem olhar para o exemplo de trabalho destes campeões para aspirarem um dia a, eles próprios, aqui estarem como campeões. Esta ideia de continuidade é uma das maiores riquezas do Sporting Clube de Portugal”, acrescentou Fernando Medina, que saudou ainda a direção leonina e, particularmente, Frederico Varandas. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa lembrou ainda vários nomes da história do clube, incluindo das modalidades, e lembrou as crianças que nunca tinham visto o Sporting ser campeão nacional.

“Parabéns a todos os sportinguistas que mostram ser, ao longo de todo o tempo, um exemplo de dedicação, passando o amor e a paixão de geração em geração. Na verdade, se quiséssemos uma só imagem para ilustrar a mística deste clube, seria a dos milhares e milhares de crianças e jovens que enchem o país com as cores do clube e que, de peito aberto, celebram hoje o que nunca tinham visto: o Sporting campeão. O Sporting de hoje é será sempre o clube de Joaquim Agostinho e Carlos Lopes, de Fernando Mamede e de Naide Gomes, de Livramento e de Chana. O clube desse nome ímpar que revolucionou o desporto em Portugal, Mário Moniz Pereira. O clube dos Cinco Violinos, de Manuel Fernandes, de Rui Jordão e Vítor Damas. O clube de Aurélio Pereira, de Figo e Cristiano Ronaldo. De Obikwelu e Patrícia Mamona. São todos esses campeões que marcaram e marcam a história do desporto português e mundial que estão hoje aqui connosco. Mas é também o clube de futuras gerações de campeões”, atirou, passando depois a palavra a Frederico Varandas.

O presidente dos leões começou por deixar várias palavras aos rivais, Benfica e FC Porto, entre agradecimentos pela competitividade e farpas a Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa. “Os nossos dois rivais foram duros dentro de campo, foram adversários difíceis, acreditaram até ao fim e, graças a eles, obrigaram-nos a superar-nos a cada jornada, a bater recordes atrás de recordes. Sem eles, não tínhamos chegado aqui. A eles, um obrigado. Ainda falando sobre os rivais, seria uma injustiça confundir duas grandes instituições com as pessoas que representam essas instituições. Cada clube tem a sua estratégia de comunicação e isso é legítimo. Para uns, não venceram porque foram o único clube do mundo a ter Covid; os outros só tiveram 16 penáltis. Mas nós sabemos e eles também sabem que o Sporting venceu por ter sido mais competente. Venceu e festejou. Ouvi alguém dizer que tinha sido um espetáculo degradante, as festas em Lisboa. Adjetivou assim. Não concordou. É verdade que existiram excessos impossíveis de conter; mas degradante, para mim, para o clube que tenho a honra de presidir, é estar envolto em escutas, ouvir a minha voz em escutas de corrupção há anos. Isso, para nós, é que é degradante”, disse Varandas, referindo-se em seguida aos jogadores e à equipa técnica comandada por Rúben Amorim.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

“Os heróis deste Campeonato. E digo heróis porque é importante referir-se e não esquecer que partimos para esta luta com cerca de 50% do investimento dos nosso rivais. Com cerca de 25% do investimento de um dos nossos rivais. E conseguimos graças a estes senhores atrás de mim, a esta equipa técnica, por terem sido muito competentes, muito resilientes e por terem tido muito coração. Hoje estamos aqui a festejar uma vitória entre muitas outras que tiveram início há cerca de três anos. Um percurso difícil, um percurso onde eu sempre disse que não podíamos vencer os nossos rivais com o atraso que tínhamos à custa do dinheiro, do poder e da força, mas sim da inteligência. Mas não podia ser só inteligência, teve de ser inteligência com muita resiliência, muita convicção. E, sobretudo, nunca ceder ao populismo e ao ruído que vieram do exterior”, acrescentou o presidente leonino, que não falou no dia em que o Sporting conquistou o título, contra o Boavista, e parece ter guardado tudo para enumerar durante o longo discurso na autarquia lisboeta. Varandas acabou por confessar que só em abril, quando os leões empataram três vezes em quatro jogos, é que assumiu que a equipa iria ganhar o Campeonato.

“Deixem-me confessar-vos. A seguir a esta equipa ter sofrido dois empates, em que vimos reduzida a quatro pontos a vantagem para um dos nossos rivais, nesse momento, sentimos ‘lá vamos sofrer outra vez’, ‘lá vamos cair outra vez’, ‘lá vamos desiludir outra vez’. E assim é legítimo, porque isto tem sido um bocadinho as últimas décadas do Sporting. Mas aí, pela primeira vez, escrevi à minha equipa do Conselho Diretivo a dizer que íamos ser campeões. Não por termos o melhor treinador, não por termos uma equipa com uma alma incrível mas, sobretudo, por termos mudado a mentalidade do Sporting para uma mentalidade vencedora. E se me perguntarem se naquele momento senti medo, de depois de uma época espetacular morrer na praia, sentimos todos. Perguntem ao treinador se sentiu. Mas ter coragem não é não ter medo, é não ceder ao medo. E aqui, peço a todos os adeptos, sócios, que nas adversidades que vamos sentir para o ano, porque vamos ter momentos em que os nossos adversários nos vão encostar às cordas, porque faz parte, nunca mostrem medo aos nossos jogadores e, principalmente, aos nossos adversários. É assim que vamos enfrentar as adversidades que aí vêm”, acrescentou.

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De forma natural, Frederico Varandas personalizou ainda o discurso para elogiar Rúben Amorim, Coates e Hugo Viana. “Não gosto de individualizar mas tenho de fazer esta distinção e começar pelo nosso treinador. Gostava de que o nosso treinador fosse bem tratado por este país. Todos os países que amam o futebol gostavam de que o Rúben Amorim fosse da nacionalidade deles mas ele é português, é o treinador do Sporting. As pessoas sentem que tem uma energia positiva, que é uma lufada de ar fresco no futebol. Estou cansado da inveja. A seguir, tenho de cumprimentar o nosso capitão. Só tenho uma coisa a dizer: respeito, muito respeito. Quanto ao restante grupo, temos meninos de 17 anos que já fizeram 18 ou meninos de 18 que já fizeram 19 e que tiveram de descer à força e tornar-se homens. E depois vejo homens que jogam com a alegria de miúdos. Esse equilíbrio, essa mistura, foi algo fantástico e imparável. Por fim, é também de inteira justiça deixar uma palavra ao nosso diretor desportivo, Hugo Viana. Foi um pilar indispensável na conquista deste título. Sem ele, não teríamos conseguido. Sempre humilde, discreto, leal, competente e calmo em 90% das situações. Mas, sobretudo, a dar a palavra certa no momento certo”, afirmou o presidente dos leões, que terminou o discurso com novas farpas a Benfica e FC Porto, aproveitando também a boleia das buscas da manhã desta quinta-feira nas instalações dos dragões.

“Tenho pouco mais de 40 anos e ao longo da minha vida vi acentuar-se a bipolarização do futebol português. Este é um momento histórico em que o Sporting não pode desperdiçar a oportunidade de mudar o paradigma do futebol português. Se venho prometer que seremos campeões para o ano? Não, jamais o faria. Mas posso prometer que, se o Sporting tiver cabeça fria, juízo, união, competência, tem tudo para dentro de dois ou três anos estar no topo do futebol português, olhos nos olhos. Até lá, temos de continuar a subir degraus de décadas de insucesso porque acreditamos que, se mantivermos este caminho, o Sporting será cada vez mais competitivo, mais forte financeiramente e terá cada vez mais títulos. Esta é uma oportunidade que o Sporting não pode desperdiçar. Por fim, queria dizer que a vitória deste Sporting vai muito para além de uma vitória no campo desportivo. Quando acordamos e vemos mais notícias de suspeição, de corrupção, esta vitória para nós é uma luz ao fundo do túnel. E é acima de tudo um alento e uma esperança para muita gente. Hoje é um daqueles dias em que os avós podem chegar a casa e dizer aos netos que os do bem também têm força, também têm coragem, também têm resiliência e, sobretudo, também ganham. Hoje é o dia em que netos, filhos e pais podem dizer que se vence e que é possível vencer sem abdicar da honra, da decência, da integridade e da transparência do desportivismo”, terminou Varandas, garantindo ainda que os adeptos leoninos podem “gritar bem alto” porque “o Sporting voltou a ser o número um em Portugal”.

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