Ter uma pessoa a liderar o PS e outra a assumir o papel de primeiro-ministro; acabar com nomeações “pouco transparentes” na Administração Pública; fazer primárias em todas as eleições internas do partido; limitar os mandatos para cargos eleitos. A oposição interna a António Costa é, a julgar pelas contas de 2018, claramente minoritária, mas nem por isso vai deixar de se apresentar ao congresso socialista marcado para 10 e 11 de julho com um programa próprio (a eleição do secretário-geral acontece antes, a 11, 18 e 19 de junho).

Daniel Adrião, o militante que na sua moção conta como no dia de 1982, com 15 anos, subiu as escadas da sede do PS de Alcobaça para se inscrever no partido, volta assim a apresentar-se como o único adversário de António Costa no seu partido da vida toda. Em 2018, conseguiu 4% dos votos para a liderança e a sua corrente ficou com 10 dos 65 assentos da Comissão Política Nacional. Desta vez, entrega um documento que batizou como “Democracia Plena” — uma amostra muito literal do conteúdo, que se dedica a defender que a democracia deve ser aprofundada dentro e fora do PS.

Se na moção que também entregou ontem na sede nacional do PS, no Largo do Rato, António Costa dá pouca ou nenhuma atenção às questões internas do partido — o secretário-geral fala, em boa parte, como primeiro-ministro, debruçando-se sobre a orientação governativa para os próximos anos — Adrião faz o contrário: há referências à economia, ao SNS ou à Educação, mas o foco é mesmo colocado na questão da democracia, sobretudo a interna. Alvo: António Costa e a sua liderança.

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