Se a expectativa era iniciar uma aproximação entre os partidos à direita, então o congresso das direitas “foi um flop”. No seu comentário habitual na SIC Notícias, Luís Marques Mendes deixou críticas à Convenção do MEL — Movimento Europa e Liberdade, mas também a outro encontro da direita, o congresso do Chega, que decorreu este fim de semana e onde tudo foi “muito artificial”. Na mira do comentador político, esteve ainda a Liga dos Campeões, apontando à ministra Mariana Vieira da Silva uma crítica também já feita pelo Presidente da República, a ausência das prometidas bolhas. “Se a ministra não podia garantir o controle dos adeptos ingleses, por que é que prometeu o contrário?”, questionou Marques Mendes.
Sobre a Convenção do MEL, o comentador considerou que não só falhou a aproximação entre os partidos de direita como também falhou a participação: muitos e bons oradores, mas sempre pouca gente a assistir o que, para quem quer mobilizar o eleitorado, não é bom sinal. No entanto, lembrou que o objetivo desta convenção é criar uma zona de debate e isso aconteceu. Expetativas de que o encontro poderia ser mais do que isso é que saíram defraudadas.
Marques Mendes criticou também a “sofreguidão pelo poder” dos vários líderes políticos e o facto de os diferentes partidos não clarificarem o que pretendem fazer, e como serão diferentes do PS, se chegarem ao Governo. “Com a exceção da IL, este é o grande problema da direita em geral e do PSD em particular”, disse Marques Mendes, considerando faltar à direita uma “agenda de causas”. Exemplos do que poderiam ser essas causas não faltam, apontou: classe média, desemprego juvenil, crescimento dos salários, competitividade da economia ou baixa de impostos. No entanto, os partidos não pegaram nelas.
A divisão da direita, “mais visível do que nunca”, foi outra das fragilidades apontadas. “A única coisa que une os vários partidos são as críticas ao PS”, considerando que isso é insuficiente “para construir um projeto político e ganhar eleições”. Esta situação, defendeu, só beneficia duas pessoas: André Ventura e António Costa. “O líder do Chega ganha estatuto e complica a governabilidade à direita, enquanto o primeiro-ministro ganha com a direita a dar de si própria uma imagem de fragilidade.”
Passos Coelho e o congresso do Chega
A grande surpresa da convenção foi Pedro Passos Coelho, embora a sua falta de disponibilidade para liderar o PSD não seja surpreendente, afirmou Marques Mendes. O problema de Passos Coelho não é ganhar a liderança do PSD, “isso ele conseguiria com facilidade” — o problema “é como ganhar eleições nacionais legislativas no país e conseguir uma maioria para governar e isso não é fácil”.
Quanto ao congresso do Chega, Marques Mendes considerou que tudo “foi muito artificial” e “muito excessivo”, lembrando que Ventura diz que quer governar com o PSD, ao mesmo tempo que quase insulta o partido e o seu líder Rui Rio. “É quase como querer namorar consigo, mas chamar-lhe nomes”, sublinhou o comentador político, dizendo ser uma postura que “não se pode levar a sério”.
Por outro lado, disse, “Ventura diz que quer vários ministros num eventual governo PSD, o que, para quem só tem um deputado, é tudo um exagero”.