O Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB) considerou esta quarta-feira que a greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) está a ser um “sucesso”, mesmo com os serviços mínimos acordados, com apenas 360 comboios de passageiros a circular.

“Os trabalhadores receberam uma carta para assegurar os serviços mínimos e não puderam fazer greve, mas está a ser um sucesso. Apenas 25% dos comboios de passageiros estão assegurados. Vão circular apenas 360 até à meia noite, quando, normalmente, são 1.368″, afirmou António Pereira, do SINFB, em declarações à Lusa.

O sindicalista sublinhou que foi a plataforma representativa dos trabalhadores da IP e associadas que chegou a acordo com a empresa face à percentagem de serviços mínimos, “tendo consideração pelos utentes perante a pandemia” de Covid-19.

O nosso medo era que houvesse mais comboios. Já está a ser um sucesso”, reiterou.

Até ao momento, os sindicatos não receberam qualquer resposta da empresa às reivindicações dos trabalhadores, mas asseguram continuar disponíveis para dialogar com a IP ou com a tutela.

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Contactada pela Lusa, a CP — Comboios de Portugal garantiu que “estão a ser cumpridos os serviços mínimos”, com todos os comboios planeados a circular.

Os trabalhadores da IP e das associadas, que estão em greve até às 24h00 desta quarta-feira, reivindicam o aumento dos salários, contratação dos trabalhadores, cumprimento integral do clausulado no acordo coletivo de trabalho (ACT), atualização do valor do subsídio de refeição, integração do abono de irregularidade de horário com conceito de retribuição e a atribuição de concessões de viagem no operador de transportes CP a todos os trabalhadores da IP e participadas.

Em causa está também a abrangência das deslocações e horas de viagem aos trabalhadores, o ajuste do subsídio de refeição nas ajudas de custo, a atribuição de isenção do horário de trabalho aos colaboradores cujo serviço justifique e a alteração das quotas na classificação de “bom” e “muito bom” para efeitos de promoção na carreira técnica. Por outro lado, os trabalhadores apontam falta de produtos de limpeza e higiene e pedem melhores condições de segurança nas instalações sociais e locais de trabalho.

Na terça-feira, a CP já tinha alertado para a probabilidade de ocorrerem “perturbações significativas” nos serviços.

A plataforma que representa os trabalhadores da IP e das suas participadas é constituída pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF) e pelos sindicatos Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), Nacional Democrático da Ferrovia (SINDEFER), Independente dos trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ) e dos Transportes Ferroviários (STF).

Doze comboios da Fertagus circularam entre Lisboa e Setúbal até às 9h00

Doze comboios da Fertagus circularam esta quarta-feira entre Lisboa e Setúbal, nos dois sentidos, até às 9h00 no âmbito dos serviços mínimos decretados devido à greve de 24 horas dos trabalhadores da IP, segundo a empresa.

“Até às 9h00 foram realizadas oito circulações no sentido Sul/Norte e quatro no sentido Norte/Sul. Todos os comboios que estavam programados, no âmbito da circulação dos 25% dos horários, realizaram-se”, disse à Lusa cerca das 10h00 fonte da empresa.

A mesma fonte adiantou que das 09h43 às 15h43 desta quarta-feira não estava prevista a realização de nenhum horário no sentido Norte/Sul e das 08h58 às 14h58 no sentido Sul/Norte.

Na terça-feira, a empresa, que assegura a ligação ferroviária pela Ponte 25 de Abril, tinha anunciado que a circulação dos comboios da Fertagus iria ser afetada pela greve dos trabalhadores da IP, prevendo-se a realização de apenas 25% dos horários, com períodos de interrupção ao longo do dia.

A empresa, que pertence ao Grupo Barraqueiro, assegura o transporte ferroviário entre Setúbal e a estação de Roma-Areeiro, em Lisboa, numa extensão de 54 quilómetros. Também a CP-Comboios de Portugal está a ser esta quarta-feira afetada pela greve dos trabalhadores da IP.

Dos 68 comboios da CP que estavam programados até às 6h00 desta quarta-feira, circularam 28 referentes aos serviços mínimos decretados, segundo a empresa. De acordo com o balanço feito pela CP à Lusa às 7h20, ficaram parados 40 dos 68 comboios programados.

Notícia atualizada às 19h52 desta quarta-feira