Os municípios do Algarve criticaram esta sexta-feira a decisão britânica de retirar Portugal da “lista verde” de viagens para o Reino Unido, manifestando a sua “surpresa” e expressando a sua “condenação” à opção do governo liderado por Boris Johnson.

A posição das autarquias do Algarve foi expressa pela Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), que num comunicado pediu ao Governo para “que se mantenham os apoios aos empresários algarvios que se prepararam para receber turistas ingleses e que, por isso, ficaram agora numa situação ainda mais difícil”.

A decisão, anunciada na passada quinta-feira pelo governo britânico e que retira Portugal da lista de países considerados seguros no que respeita à evolução pandemia de Covid-19, entra em vigor a partir de terça-feira. A partir desse dias, quem chega ao Reino Unido proveniente de Portugal é obrigado a uma quarentena de dez dias e à realização de dois testes PCR nesse período.

“A Comunidade Intermunicipal do Algarve [AMAL], em representação dos 16 presidentes de Câmara da região, condena a opção do Reino Unido. No entender da AMAL, ela contraria o esforço que está a ser feito pelos países europeus para permitir a circulação de pessoas e contribuir para a recuperação económica”, criticou o organismo presidido por António Pina.

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A AMAL reconheceu que a decisão britânica “apanhou a região de surpresa”, foi tomada “pouco depois de ter sido criada uma expectativa positiva, que animou o Algarve”, com a entrada de Portugal na “lista verde”, em 17 de maio, e “tem um impacto negativo enorme numa região que, estando tão dependente do turismo, já foi das mais castigadas desde o início da Pandemia”.

A mesma fonte referiu que, após a decisão, “muitos ingleses cancelaram as suas férias no Algarve”, onde os empresários estavam a contar com reservas que agora se estão a cancelar e que os levaram a contratar mais trabalhadores para poder responder ao aumento de trabalho.

“Por essa razão, os autarcas apelam ao governo que mantenha os apoios aos empresários algarvios como forma de minimizar o impacto de eventuais compromissos assumidos, bem como do adiamento do processo de retoma da economia regional”, indicou a AMAL.

Os municípios algarvios esperam também que a decisão britânica “não contamine a perceção que outros países” têm da região e do país e asseguram que o Algarve está “preparado para receber turistas em segurança”.

Hotelaria lamenta decisão, classificando-a como incompreensível, e alerta para impactos

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) lamentou esta sexta-feira a decisão do governo britânico de retirar Portugal da “lista verde”, classificando-a como incompreensível, e alertou para os impactos da exclusão para o setor do Turismo. “A decisão do Governo britânico de retirar Portugal da lista verde é uma péssima notícia, que não se compreende”, defendeu, em comunicado, o presidente da AHP, Raul Martins.

Para a associação, apesar do número de casos de infeção por Covid-19 ter subido, Portugal está abaixo dos “parâmetros mínimos” exigidos pela União Europeia para viagens turísticas, acrescentando que o número de infetados pela variante nepalesa é reduzido.

Seguramente a questão da saúde pública não serve como justificação para esta decisão”, vincou.

A AHP disse ainda que a exclusão de Portugal da “lista verde” do Reino Unido vai “prejudicar gravemente” o setor do Turismo e a operação hoteleira. “Esta decisão irá comprometer seriamente toda a operação de verão porque, recordo, os britânicos são o nosso principal mercado e as unidades hoteleiras, particularmente no Algarve e na Madeira, começaram a registar cancelamentos massivos”, concluiu Raul Martins.

A AHP é uma associação patronal, cujos associados representam mais de 65% do número de quartos da hotelaria nacional.

Artigo atualizado às 22h57