A Ordem dos Médicos manifestou-se esta sexta-feira apreensiva com as mudanças na matriz de risco que fundamenta as novas fases de desconfinamento por causa da pandemia e defende a inclusão de critérios de gravidade e da cobertura vacinal.
Num comunicado emitido na sequência da divulgação das novas fases de desconfinamento (a partir de dia 14) e da evolução epidemiológica recente, o bastonário e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos (OM) defendem que deve voltar a ser incluído o indicador da transmissibilidade e que devem ser considerados igualmente a taxa de positividade dos testes e critérios de gravidade, como os internamentos em enfermaria e cuidado intensivos, a evolução temporal e os óbitos. Sugerem também a introdução da cobertura vacinal (taxa por grupo etário, 1.ª toma e esquema completo) e do impacto da circulação das novas variantes do vírus.
O controlo rigoroso (testagem e quarentena) à entrada do país de todos os viajantes com estadia em locais de risco para as novas variantes, o alargamento da vacinação a toda a população adulta e a programação da vacinação da população pediátrica (<18 anos) para antes do início da próxima época escolar, observando as recomendações da Organização Mundial da saúde, são outras das sugestões apresentadas.
A OM manifesta ainda incompreensão “pela utilização exclusiva de valores de incidência de novos casos por 100.000 habitantes, nos últimos 14 dias, para fundamentar as medidas de desconfinamento”, como os horários de funcionamento da restauração e a lotação de espaços públicos.
Considera igualmente que a definição de concelhos de baixa densidade utilizada na matriz que fundamenta as novas fases de desconfinamento se baseia “em critérios de coesão territorial insuficientemente caracterizados e sem implicações de saúde pública“. No comunicado, a OM sugere igualmente que seja incentivada a testagem, em particular, a todos os sintomáticos, incluindo jovens e crianças.
O bastonário e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da OM defendem a “realização periódica, massiva e alargada de rastreios populacionais, centrados nos não vacinados” e dizem Portugal deve “aproveitar a presidência europeia para definir critérios uniformes de desconfinamento na União Europeia, nomeadamente a implementação com a maior celeridade do passaporte vacinal a aplicar, igualmente, aos residentes em território nacional”.
Apelam ainda a que toda a população mantenha o cumprimento e a adesão às medidas de prevenção e controlo da infeção, nomeadamente o uso da máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social.