O presidente do PSD, Rui Rio, criticou esta terça-feira a nomeação de Pedro Adão e Silva para “comissário executivo” das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, em 2024. Adão e Silva vai receber mais de 4.500 euros brutos por mês, durante cinco anos e meio, para preparar o programa de festas. Para Rui Rio, é “escandaloso” e é um “pagamento” ao comentador político pelos “serviços prestados” por este ao PS.
Cinco anos e meio a 4.500 euros por mês dá seguramente — e estou a fazer as contas por baixo — mais de 300 mil euros ao todo dos impostos dos portugueses. O Governo quer que todos paguemos ao dr. Pedro Adão e Silva mais de 300 mil euros para organizar ou ajudar a organizar as comemorações do 25 de abril. Considero isto escandaloso”, começou por dizer Rui Rio
O líder social-democrata foi mesmo mais longe e defendeu que “pode-se perfeitamente ler que isto é um pagamento pelos serviços prestados ao Partido Socialista com impostos de portugueses”.
Rui Rio desafiou o Governo a elucidar “publicamente” os portugueses sobre “quais as razões objetivos para nomear um comissário executivo durante cinco anos e meio para eventos que se vão realizar em 2024, com um vencimento desta natureza, e porquê escolher o doutor Pedro Adão e Silva, que todos conhecemos como um comentador que aparece com a capa de independente mas que não faz outra coisa que não seja defender as posições do Partido Socialista e atacar e tentar denegrir a oposição”.
Para o líder do PSD, o problema de Pedro Adão e Silva não é ser “um militante” do PS. É ser “alguém completamente conotado com o PS, permanentemente na comunicação social — e não é num canal ou dois, é por todo o lado e há anos a fazer isto. Isto é o pagamento pelos serviços prestados [ao PS] e é um pagamento feito com os impostos dos portugueses. A não ser que o Governo venha a dar uma explicação que não estou a ver qual será, é essa que estou à procura”.
Isto revela um controlo que o PS tem vindo a tentar exercer através da comunicação social com uma série de comentadores que não fazem outra coisa que não seja divulgar as posições do Governo, defender o Governo e acima de tudo atacar e tentar denegrir a oposição. Contem-me lá os comentadores que estão na televisão que possam defender as posições do PSD. É praticamente toda a gente a atacar e muitos claramente marcados sempre a defender o Governo”, rematou.
Ana Paula Vitorino? “Mais uma nomeação completamente ligada ao PS”
Na sua intervenção de esta terça-feira, em resposta a questões dos jornalistas na Assembleia da República, Rui Rio falou ainda da “nomeação de uma deputada do Partido Socialista para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes com um salário ainda maior”. Nesse caso trata-se, defendeu, “de uma nomeação do Governo, da esposa de um outro ministro — que não o que nomeia — mas, mais relevante do que isso, de uma deputada do PS”.
Garantindo “não pôr em causa” as “competências técnicas da engenheira Ana Paula Vitorino, lembrando que já foi “secretária de Estado dos transportes”, Rui Rio não deixou de notar que “nos 10 milhões de portugueses há muitos outros que também são igualmente competentes para o lugar” mas que não foram nomeados. “Depois de todo este escândalo que houve de nomeações de familiares, temos aqui mais uma. E é alguém completamente ligada ao PS, é deputada do Partido Socialista. É perfeitamente possível nomear um português ou uma portuguesa competente” que não seja deputada do PS, acrescentou.