A variante Delta (com origem na Índia) está a causar doença mais grave e mais rapidamente do que durante a primeira vaga. A afirmação é feita por médicos na zona de Guangzhou, no sudeste da China, onde surgiu um surto recente provocado por aquela variante.
Os médicos chineses disseram, na semana passada, que a carga de vírus SARS-CoV-2 no organismo aumenta mais rapidamente do que com a variante que inicialmente afetou Wuhan e que demora mais tempo a diminuir.
O diretor dos cuidados intensivos da Universidade Sun Yat-sen (Guangzhou), Guan Xiangdong, citado pelo jornal The New York Times, disse que até 12% dos doentes com Covid-19 têm doença grave em três ou quatro dias, quando no passado a média era de 2-3% dos doentes.
A variante indiana mais do que quadruplicou e a linhagem que mais cresceu foi a mais preocupante
No Reino Unido, onde a variante Delta já representa a maioria dos novos casos de infeção, há casos reportados de infeção de pessoas que já tomaram uma ou duas doses da vacina. Na China, ainda não foram reportados dados de eficácia das vacinas contra esta variante.
A cidade de Guangzhou e outros locais afetados pelo surto foram isolados e milhares de pessoas colocadas em quarentena. A testagem e isolamento permitiu abrandar a evolução dos contágios, mas não travou totalmente a cadeia de transmissão, reportou o jornal The New York Times.
Variante Delta com transmissão comunitária e mais evidente em Lisboa e Vale do Tejo
Em Portugal, a transmissão da variante Delta também já acontece na comunidade e não apenas entre as pessoas com histórico de viagem ou que com elas se relacionaram. Até dia 9 de junho foram identificados 92 casos da variante indiana entre as amostras de vírus que são sequenciadas (às quais se lê os genes).
O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge estima que a prevalência da variante em maio tenha sido de 4,1%, mas admite que os resultados podem estar subvalorizados. “De acordo com o evidenciado pelo Reino Unido, a prevalência desta variante é provavelmente superior ao calculado pela sequenciação genómica.”
Foi o crescimento desta variante em Portugal e, em particular, a presença da variante com uma mutação adicional, a K417N, que fez com que o Reino Unido tirassem o território português dos destinos seguros para os viajantes britânicos.