Ricardo Salgado chamou seis familiares para responderem perante o tribunal como testemunhas no primeiro julgamento de que o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) é alvo desde a queda do banco. Entre eles, está o seu tio António Ricciardi, que tem 102 anos de idade, noticia esta sexta-feira o semanário Expresso.
O julgamento de Ricardo Salgado devia ter começado na passada segunda-feira, no entanto, foi adiado após um pedido do Ministério Público para analisar a contestação de 191 páginas apresentada pela defesa do ex-banqueiro.
Além disso, para evitar que o ex-banqueiro fosse presente a tribunal, os advogados de Ricardo Salgado já tinham apresentado um requerimento, na sexta-feira, 11 de junho, a pedir o adiamento do julgamento, invocando a lei que define que, devido à pandemia de Covid-19, não é obrigatório que um arguido esteja presencialmente no tribunal caso tenha mais de 70 anos (Ricardo Salgado tem 77). Neste requerimento, os advogados invocaram ainda o direito do arguido a assistir presencialmente à produção de prova, daí terem solicitado o adiamento.
Operação Marquês. Tribunal adia julgamento de Ricardo Salgado a pedido do Ministério Público
Agora, a defesa do ex-presidente do BES quer que sejam ouvidas 40 testemunhas, entre elas seis elementos da família Espírito Santo, incluindo António Ricciardi, pai de José Maria Ricciardi, primo de Ricardo Salgado.
Apesar da idade avançada, a defesa de Ricardo Salgado considera importante ouvir António Ricciardi, uma vez que este foi presidente do conselho superior do Grupo Espírito Santo (GES), tendo ainda sido beneficiário e ordenante de transferências da Espírito Santo International (ESI), uma das holdings da família. A estratégia, escreve o Expresso, é obrigar os familiares de Salgado a clarificar em tribunal as versões sobre o real poder que o ex-banqueiro tinha.
Operação Marquês. Como se defende Ricardo Salgado dos três crimes de abuso de confiança?
O julgamento de Ricardo Salgado tem início previsto para 6 de julho, às 14h00. No âmbito da Operação Marquês, o antigo presidente do BES está acusado de três crimes de abuso de confiança relacionados com a Espírito Santo (ES) Enterprises, conhecida como saco azul do GES, num valor superior a dez milhões de euros.