Um homem de etnia cigana morreu depois de um polícia ter pressionado o joelho sobre o seu pescoço durante vários minutos, na República Checa. A polícia alega que a causa da morte de Stanislav se deve a intoxicação, mas o vídeo partilhado nas redes sociais tem sido denunciado pela violência policial, e o caso tem sido comparado ao assassanío do afroamericano George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos, em maio de 2020.
No vídeo em causa, gravado a 19 de junho na cidade de Teplice, no norte da República Checa, podem ver-se três polícias a deter um homem no chão. Um dos polícias agarra nos pés do homem, outro põe o joelho no seu pescoço e outro tenta algemá-lo. Durante o vídeo, de quase seis minutos, ouvem-se gritos, inclusive de pessoas que passavam no local.
De acordo com o The Guardian, o homem acabaria por morrer já no interior de uma ambulância. Jozef Miker, ativista da comunidade cigana na República Checa, disse ao jornal britânico que o homem em causa se chamava Stanislav, tinha cerca de 40 anos, vivia na rua e trabalhava num supermercado como segurança.
Na origem da detenção policial, segundo Jozef Miker, esteve um incidente que envolveu um ataque a um carro. Depois de ver uma pessoa a destruir um carro, Stanislav tentou intervir, mas acabou detido pela polícia minutos depois, acabando por ser atirado ao chão.
A versão das autoridades refere que a polícia foi chamada a intervir depois na sequência de uma queixa que dava conta de uma luta entre dois homens. A polícia disse que teve de usar medidas coercivas para deter um dos homens, tendo depois chamado uma ambulância, onde Stanislav viria a morrer. A causa da morte mais provável, segundo as autoridades, que citam a avaliação de um médico, foi intoxicação.
A tese da polícia, no entanto, tem vindo a ser questionado por ativistas, que consideram que a discriminação etnica pode estar na origem da atuação policial.
“Não consigo respirar”. Morte de afroamericano pela polícia reacende protestos nos EUA
O caso tem sido comparado à morte de George Floyd nos Estados Unidos, um assassínio que levou a um movimento de protesto a exigir o fim do racismo e da violência policial que passou fronteiras.
Vários relatórios de organizações de defesa dos direitos humanos têm notado que a comunidade cigana é das mais discriminadas na Europa.
Um relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI, na sigla em inglês), de 2012, citado pelo Guardian, revelou que a discriminação contra pessoas de etnia cigana era particularmente elevada na República Checa, onde mais de 60% dos membros da comunidade cigana inquiridos afirmavam ter sofrido discrimininação com base na sua etnia. O relatório revela ainda que os ciganos na República Checa têm quatro a cinco vezes maior probabilidade de estarem desempregados comparativamente a quem não é cigano.