O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, defendeu que a matriz de risco, que serve de base ao processo de desconfinamento do país, seja revista, numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença esta quinta-feira. O autarca, que se coloca assim ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa na defesa de mudanças nesta matriz, diz ainda ser necessário acelerar a vacinação e admite o recuo de Lisboa.

Será esta quinta que o Governo decide em Conselho de Ministros que medidas aplicar nos concelhos que ultrapassaram linhas vermelhas, onde se inclui a região de Lisboa que tem registado diariamente mais de dois terços do número de infectados. “Mantendo o Governo a matriz e os indicadores, o que acontecerá com probabilidade a Lisboa e a outros municípios vai ser um recuo relativamente às regras do desconfinamento, que terá sobretudo um impacto ao nível dos horários da restauração, afirmou Fernando Medina na entrevista.

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No entanto, o autarca defende que a atual matriz de risco deve ser revista. “É um ponto que na minha opinião deve ser avaliado, isto vai significar um recuo no processo de desconfinamento”, diz ainda, juntando-se ao Presidente da República que em maio já tinha defendido mudanças na matriz, face à crescente taxa de imunidade da população portuguesa contra a Covid-19.

O presidente da Câmara de Lisboa justifica-se dizendo que a matriz foi definida numa altura em que o processo de vacinação “era muito mais atrasado do que é hoje”, pelo que os critérios devem assim ser revistos. Medina afirma ainda que não se pode manter o mesmo ”nível de condicionamento de vida” tendo em conta o estado da vacinação que já chegou a valores superiores a 30 % da população, defendendo assim a aceleração desse processo.

“Temos de fazer um grande esforço para acelerar a vacinação, acelerar e massificar o processo de testagem, mas na minha opinião devem ser avaliados os critérios para os recuos no desconfinamento”, refere na mesma entrevista.

Marcelo Rebelo de Sousa defende mudança da matriz de risco face à crescente taxa de imunidade

Marcelo Rebelo de Sousa tem defendido uma nova matriz de risco face à crescente taxa de imunidade, apesar de respeitar a opinião dos especialistas e a decisão do Governo, dizendo que que os novos casos de infeção já não se estão a projetar em números de internamentos, cuidados intensivos e mortes como anteriormente.

Fernando Medina não desvaloriza as medidas tomadas para contenção da pandemia, mas insiste que o país se encontra numa situação diferente de há poucos meses, quando Portugal se encontrava no pico da pandemia atingindo valores superiores a 15 mil casos diários e mais de seis mil internamentos. Questionado sobre se os cuidados intensivos e a vacinação devem passar a ser critérios da matriz, Medina concorda e diz que são eles a “ditar a severidade da pandemia”.

A avaliação desta quinta-feira no Conselho de Ministros tem em cima da mesa a possibilidade de o país voltar a parar e de a cerca à Área Metropolitana de Lisboa se manter, sendo que é provável o recuo de Lisboa uma vez que a taxa de incidência dá sinais de não abrandar não descendo dos 240 casos por 100 mil habitantes.