Pelo menos 15 pessoas morreram no sábado no Burundi numa emboscada que visou automóveis que seguiam numa estrada no centro do país, afirmaram hoje testemunhas do sucedido e fontes das forças de segurança. O ataque aconteceu na província de Muramvya quando homens armados não identificados cortaram a estrada com pedras e dispararam indiscriminadamente sobre os automóveis obrigados a parar.
Dois veículos que transportavam passageiros foram regados com gasolina e incendiados com as pessoas a bordo, no que foi descrito por uma das testemunhas como “uma cena de horror”.
Pelo menos 13 pessoas foram queimadas vivas e entre duas e cinco foram mortas a tiro, segundo as testemunhas e uma fonte oficial da localidade, que referiu ainda que 15 pessoas ficaram feridas, seis delas com gravidade. De acordo com uma fonte das forças de segurança ouvida pela agência France Presse, o balanço atinge 17 mortos porque os atacantes dispararam sobre pessoas que tentavam fugir do local.
A mesma fonte referiu que foram detidas quatro pessoas por suspeita de participação no ataque. O Ministério do Interior e Segurança Pública do Burundi indicou que o ataque está a ser investigado. Em 2020, pelo menos 10 pessoas foram assassinadas em ataques do mesmo tipo nas províncias de Muramvya e Mwaro.
Já este ano, em maio, uma emboscada a poucos quilómetros do local da de sábado fez 12 mortos e em abril, um outro ataque num bar provocou sete mortos. Na sexta-feira, o porta-voz do ministro do Interior, Pierre Nkurikye, anunciou a detenção dos alegados responsáveis por esses ataques, referindo que entre eles estão antigos soldados do exército, dominado pela minoria tutsi.
Organizações da sociedade civil no exílio criticam o que consideram ser a “instrumentalização” dos problemas étnicos no Burundi, afirmando que os ataques estão relacionados com divisões internas no CNDD-FDD, o partido que liderou a revolta da etnia hutu e que detém o poder no país.