A taxa de transmissibilidade do vírus da Covid-19 desceu e essa é a notícia menos má do boletim da Direção Geral de Saúde desta sexta-feira. Mas a queda de 1,2 para 1,8 no R(t) nacional não é suficiente para contrabalançar com os restantes valores, até porque se mantém acima do limite considerado aceitável (1). Portugal continua no vermelho da matriz de risco (que já teve de ser aumentada porque a incidência era demasiado alta para o desenho inicial), e o número de casos por 100 mil habitantes subiu quase 25 pontos. Foi também o terceiro dia consecutivo com mais de 3.000 novos contágios, (3.194) e os internamentos, em enfermaria e em cuidados intensivos, chegaram a valores que não se viam desde o final de março, quando Portugal vivia o fim da segunda vaga da pandemia do coronavírus.
O perfil de quem sofre com a doença também está, como o próprio vírus, em mutação. Um quarto de todos os novos casos são jovens adultos entre os 20 a 29 anos e entre os sete doentes Covid que morreram nas últimas 24 horas, um deles estava na faixa etária dos 40 anos e outros dois na dos 50 anos.
O país passou também mais uma marca. Com os casos desta sexta-feira, ultrapassa os 900 mil casos confirmados pelas autoridades de saúde desde o início da pandemia, chegando a um total acumulado de 902.489.
Taxa de incidência nos 272 casos por 100 mil habitantes
O boletim epidemiológico da DGS revela que a incidência nacional subiu para 272 casos a 14 dias por 100 mil habitantes (era de 247,3 casos, aumentando em 24,7 pontos). Em território continental, a incidência passou a 280,5 casos em território continental (era de 254,8 casos, tendo subido em 25,7 pontos).
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a mais afetada, mas longe dos valores da primeira quinzena de junho, quando somava quase 70% dos novos casos nacionais. Apesar de quase metade dos novos diagnósticos positivos serem ali encontrados, o valor é agora de 46,4%. Assim, Lisboa e Vale do Tejo contabilizou 1.482 nas últimas 24 horas, seguindo-se o Norte com mais 891 casos (27,9%) e o Algarve com mais 323 (10,1%).
A região Centro anunciou mais 319 casos (10%) e o Alentejo mais 108 (3,4%). Em território insular, os Açores registaram mais 48 casos (1,5%) e a Madeira mais 23 (0,7%).
Internamentos são os mais altos em três meses
Entre os casos ativos (43.323), há 617 pessoas a precisar de internamento hospitalar, com mais 18 camas ocupadas por doentes Covid do que na véspera. Entre estes hospitalizados, 141 estão a ser acompanhados em unidades de cuidados intensivos, mais cinco camas ocupadas do que na quinta-feira.
Chega-se assim ao número mais alto de internados em cuidados intensivos desde 28 de março. Por outro lado, desde 29 de março que não havia tantos doentes internado nos hospitais portugueses devido a complicações com Covid-19.
Quanto aos óbitos, uma das vítimas mortais registadas nas últimas 24 horas tinha entre 40 e 49 anos, duas estavam na faixa etária dos 50 anos. Registaram-se ainda mais duas vítimas com 70-79 anos e outras duas com 80 anos ou mais. Quanto ao sexo das vítimas mortais, só uma era do sexo feminino.
Quatro dos óbitos foram registados em Lisboa e Vale do Tejo, três na região Norte.
Em contrapartida, mais 1.727 pessoas foram dadas como recuperadas da Covid-19. O número de casos ativos ascende aos 43.323, mais 1.460 do que na quinta-feira passada e há ainda 71.318 contactos sob vigilância das autoridades de saúde, mais 2.451 do que na última atualização.
Grupos com mais vacinados tiveram menos casos
Um quarto de todos os novos casos são indivíduos entre os 20 e os 29 anos: foram mais 813, o que representa 25% do total. As faixas etárias seguintes, entre os 30 e os 49 anos, estão consideravelmente abaixo: mais 591 na faixa dos 30 a 39 anos (18,5%) e mais 508 no grupo dos 40 aos 49 anos (15,9%).
Abaixo destes indivíduos, a faixa etária dos 10 aos 19 anos registou mais 471 infetados (14,7%) e a das crianças até aos nove anos teve mais 314 casos (9,8%).
Os grupos onde foram registados menos casos foram aqueles em que a vacinação contra a Covid-19 está mais avançada: a dos 80 anos ou mais (74 casos, apenas 2,3% do total) e a dos 70-79 anos (61 casos, 1,9% do total).