John Textor, o milionário norte-americano que chegou a acordo com José António dos Santos, conhecido como “rei dos frangos”, para comprar 25% da Benfica SAD por 50 milhões de euros, deu mais detalhes sobre o encontro que teve com Luís Filipe Vieira, que já tinha admitido em comunicado. Em entrevista ao jornal Record, explica que esteve com o antigo presidente do Benfica “uma meia-hora” e que Vieira “não falava inglês”. “Pareceu- me tudo muito normal para ser algo secreto.”
“É cómico que a administração que está perto de Luís Filipe Vieira há 17 anos olhe para mim e pense: ‘Ele é muito próximo a Vieira’”, refere, sem deixar de apontar mais farpas à mesma administração — que, diz, faz “tudo para se distanciar do presidente que todos adoravam há um mês“.
Na semana passada, a direção do Benfica garantiu que iria opor-se à compra de 25% das ações da SAD pelo norte-americano, caso a operação venha a ser analisada em assembleia-geral de acionistas. Questionado sobre se, nos próximos meses, vai conversar com os candidatos à liderança do Benfica, John Textor diz não concordar com a decisão do clube, mas mostra-se disponível para esse diálogo, se os candidatos o entenderem. “Talvez o Benfica entre na Champions, a direção fique confortável e é reeleita e fale comigo. O Benfica pode perder e a atual direção pode perder as eleições. Talvez o próximo presidente fale”.
O milionário conta que investiu no Benfica pela potencialidade do clube, que é “um dos gigantes do futebol”, mas “não é gerido como os gigantes”. “Se for permitido que o clube entre na bolsa americana, no Nasdaq, o preço seria muito maior”. Textor defende que “dizer que cada ação vale 4 euros é uma mínima porção daquilo que o clube pode valer”. Cada ação deveria estar “a 65 ou 70 euros”, considera.
Ao todo, estima, “a marca Benfica” pode valer 1,5 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros), “mas pode chegar aos 2 mil milhões (1,7 mil milhões de euros)” se tiver “um novo modelo de crescimento”. Textor defende, por exemplo, que o Benfica possa comprar “clubes mais pequenos que o alimentassem e teriam uma maior audiência e mais receitas”. Com “tecnologia, media e conteúdos”, o clube poderia até valer 4 mil milhões de dólares (3,4 mil milhões de euros).
Dado que tem uma posição minoritária, assegura que “nunca” retirará o clube “das pessoas”. Ao longo da entrevista, Textor foi deixando algumas críticas à gestão do clube: diz que o Benfica deveria abrir-se “para o mundo antes dos outros” e que “nenhum clube importante no mundo vende jogadores para se salvar. Só este”.
O milionário frisa ainda que nunca falou com o Sporting nem o FC Porto. “Conheço o Benfica desde toda a minha vida (…). Nunca considerei esses clubes”.