O Governo dos Açores e a Câmara Municipal da Horta recusaram esta terça-feira a solução proposta pela ANA de criar zonas de segurança na pista do Aeroporto da Horta sem ampliar a infraestrutura, alegando que a pista ficaria mais pequena.
“Tudo aquilo que for para piorar a situação atual da pista, não faz qualquer sentido“, afirmou a chefe de gabinete do secretário regional dos Transportes, Ana Albergaria, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião do Grupo de Trabalho criado pelo Governo da República, realizada na ilha do Faial, para avaliar a necessidade de ampliação da pista do Aeroporto da Horta.
Segundo explicou esta representante do executivo açoriano, o Grupo de Trabalho vai analisar várias soluções para a ampliação da pista, mas garantiu que a ideia de criar as RESA (‘runway and safety areas’) dentro da atual pista, sem primeiro ampliar a infraestrutura, “certamente não vai avançar”.
A pista do Aeroporto da Horta, situado na freguesia de Castelo Branco, na ilha do Faial, tem cerca de 1.700 metros de comprimento, o que obriga os aviões A320 da Azores Air Lines, nas ligações entre Lisboa e a Horta, a operar com penalizações, tanto de carga como de passageiros, devido ao reduzido tamanho.
A Agência Europeia para Segurança Aérea impõe, no entanto, que este tipo de infraestruturas possua novas zonas de segurança (RESA), obrigação que implicaria o aumento da pista em 90 metros em cada cabeceira da pista, embora as forças vivas locais reivindiquem uma expansão para além dos dois mil metros de comprimento.
“Se as RESA forem efetuadas dentro da pista atual, nós perdemos a oportunidade de continuar a voar para Lisboa”, alertou o presidente da Câmara Municipal da Horta e membro do Grupo de Trabalho, José Leonardo Silva, para quem a ideia sugerida por um representante da ANA, de criar as zonas de segurança sem ampliar a pista, “não faz qualquer sentido”.
O autarca socialista entende que só se justifica fazer “um aumento real da pista” até, pelo menos, 2050 metros de comprimento, como propõe um estudo mandado elaborar pelo município, em 2017, que estima que o custo desta obra possa rondar entre os 35 e os 37 milhões de euros.
“Nós temos a ambição de voar, não só para Lisboa, mas voar o mais longe possível”, insistiu José Leonardo Silva, adiantando que, se existem fundos comunitários disponíveis para este tipo de obras, e se existe vontade em investir, “esta é uma oportunidade única” para concretizar a obra.
Além da Câmara da Horta, também outras forças políticas do Faial manifestaram, entretanto, o seu desagrado, perante o alegado recuo da ANA/VINCI em efetuar uma ampliação real da pista do Aeroporto da Horta.
“Esta possibilidade representa uma declarada falta de respeito para com a população e mostra que a presença dos representantes da ANA/VINCI no Palácio de Santana, com [José Manuel] Bolieiro, não passou de uma manobra de distração”, lamentou a CDU/Faial, em comunicado, referindo-se a uma reunião entre a Administração da ANA e o presidente do Governo Regional, em março passado.
Também o PSD/Faial condenou, em comunicado, a possibilidade de a pista do Aeroporto da Horta vir a ser reduzida, devido à criação das novas zonas de segurança, acrescentando que aquela infraestrutura tem de ser ampliada para 2050 metros de comprimento, “numa parceria entre o Governo da República, a ANA e a Região, com candidatura a fundos comunitários“.
O presidente do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, já tinha manifestado publicamente, no início desta legislatura, a intenção de colaborar com o Governo da República e com a ANA/VINCI (empresas que gerem o Aeroporto da Horta), no sentido de encontrar uma solução para o financiamento das obras de ampliação daquela infraestrutura.