Várias cidades em redor do Lago Como foram atingidas esta semana por deslizamentos de terra e inundações que obrigaram o Corpo de Bombeiros da Itália, Vigili del Fuoco, a resgatar mais de 60 pessoas. As ruas italianas foram transformadas em rios de lama, moradores ficaram presos nas suas casas, várias estradas estão cortadas e residentes de um condomínio, em Cernobbio, tiveram de ser retirados por estarem prestes a ficar debaixo de água. Não existem vítimas morais, por agora.

O fenómeno ocorre depois de uma tempestade de granizo (em que as pedras eram ainda maiores do que bolas de ténis)  ter atingido (também) o norte do país. Uma associação de agricultores liga estes acontecimentos meteorológicos — tempestades mais frequentes, inesperadas e violentas, chuvas mais intensas e curtas e passagens súbitas de céu limpo e com sol para mau tempo — às alterações climáticas.

São várias as regiões que foram afetadas pelo mau tempo: na província de Cernobbio, as ruas ficaram inundadas e os carros foram levados com a força da água. O Piazza Risorgimento, uma zona muito frequentada por turistas, ficou submersa. Também dois blocos de apartamentos tiveram de ser evacuados. “Passámos por momentos realmente dramáticos”, descreve Matteo Monti, prefeito da região, ao Corriere Della Serra. Os prejuízos causados pelo desastre podem chegar, pelo menos, aos 500.000 euros.

No twitter, um utilizador que se identifica como ‘LuigiMastro_’, publicou um vídeo no qual mostra as correntes de água causadas pelo mau tempo extremo. “Estamos isolados, todas as estradas do lago estão fechadas devido aos muitos deslizamentos de terra, as aldeias são invadidas pela lama, muitas famílias estão desabrigadas. Já chove há três dias”, descreve.

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Já em Maslianico, na região de Lombardia, também as estradas foram inundadas e cerca de 10 pessoas foram deslocadas, segundo o prefeito daquela comuna, Tiziano Citterio.

A aldeia de Blevio, na mesma zona, foi a primeira a ser atingida por um deslizamento de terras, no domingo. As estradas (ainda) estão cortadas e dois edifícios estão prestes a ruir. Na terça-feira passada, o conselheiro regional para a proteção civil, Pietro Foroni, informou que a região solicitará o estado de emergência. Serão necessários “alguns milhões de euros” para a “limpeza das ruas” e para “as medidas de segurança”, disse, segundo o jornal italiano.

As condições meteorológicas extremas atingiram ainda o Valle d’Intelvi, também na província de Como: várias árvores e destroços provocados pelo mau tempo obrigaram ao encerramento da estrada que liga Argegno a Shignano.

Estamos a enfrentar na Itália as consequências das mudanças climáticas, com uma tendência para a tropicalização e para a multiplicação de eventos extremos”, afirma a organização agrícola Coldiretti, segundo o The Telegraph. Coldiretti diz ainda que os danos provocados pelas alterações climáticas na produção daquele setor podem chegar aos 14 mil milhões de euros.

Mas antes de as estradas se terem transformado em rios, Itália já tinha sofrido uma tempestade de granizo que, mesmo tendo durado apenas alguns minutos, obrigou os condutores que seguiam pela estrada que liga Parma e Fiorenzuola a parar no meio da via. O granizo chegou a danificar centenas de carros e várias pessoas ficaram feridas como consequência dos vidros que se iam despedaçando.

A Coldiretti explica, por outro lado, que as tempestades de granizo estão a ocorrer a uma frequência de 11 por dia neste verão, com um total de 386 registadas este ano. “O tamanho das pedras de granizo também mudou, crescendo consideravelmente nos últimos anos como verdadeiros blocos de gelo a cair do céu — ainda maiores do que as bolas de ténis”, descreve.