O PSD/Seixal vai apresentar uma queixa-crime por ofensa à integridade física devido a comentários do deputado socialista José Magalhães e do vereador comunista de Loures Rui Francisco no Facebook e apela a que “PS e PCP a nível nacional retirem a confiança política” a ambos.

Em reação a uma publicação do Facebook que criticava a campanha do PSD/Seixal, o deputado do PS José Magalhães questionou se seria possível resolver o problema com uns cacetes, ao questionar: “Uns cacetes terapêuticos não resolveriam o problema?”

Ao Observador, o deputado socialista assegura que o comentário é dirigido ao facto de o PSD/Seixal estar a violar a lei ao tapar o nome das ruas, sugere que o Ministério Público abra um inquérito para investigar a situação e realça que “a terapia deve ser preventiva”. “Se ao chegarem ao lugar onde querem violar a lei encontrarem a autoridade pública de olhos abertos e cacete à cintura , atrevem-se?”, questiona, ao frisar que apenas em “mentes violentas” se trata de um comentário agressivo.

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“Nem sabem interpretar nem saber viver em liberdade de expressão. Deixem de violar a lei e sejam homenzinhos”, atira ainda José Magalhães, numa reação ao pedido de retirada de confiança política.

Em causa está uma ação de campanha em que os sociais-democratas decidiram “começar a limpar o comunismo das ruas do Seixal” e onde sugeriram alterar o nome de cinco ruas do concelho, “tapando as antigas e colocando novas placas toponómicas simbólicas, mais pluralistas e democráticas”.

A proposta do PSD/Seixal é que a Rua 1.º de Maio passe a chamar-se Rua 25 de Novembro, que a Rua General Humberto Delgado se transforme na Rua Major-General Jaime Neves, que a Rua Movimento das Forças Armadas mude para Rua em memória das vítimas FP 25 de Abril, que a Rua Luís de Camões passe a ser a Rua Manuel Maria Barbosa du Bocage e que a Rua Julio Diniz altere para Rua Pedro Eanes Lobato.

Os sociais-democratas explicam que não se trata de pôr fim às ruas existentes, mas sim de travar uma repetição de nomes de ruas no concelho do Seixal, sendo estas alterações justificadas pelos “grandes constrangimentos” causados à população na “receção de encomendas, cartas e até em caso de emergência”.

Também Rui Francisco, vereador da CDU e candidato à presidência da Assembleia Municipal de Odivelas, comentou a publicação em jeito de crítica. “Começo a acreditar seriamente que devíamos ir atrás destes pulhas e dar-lhes no focinho. Eu estou pronto. Se o PSD não se sabe comportar em democracia e se sistematicamente assumem essa postura do ‘fazemos o que queremos e insultamos quem quisermos’ a solução é mesmo partir-lhes a tromba”, escreveu no comentário.

https://www.facebook.com/PSDSeixal/videos/376921320659081/

Bruno Vasconcelos, candidato do PSD à Câmara Municipal do Seixal, admite ao Observador que acaba por se “sentir em perigo” com este tipo de comentários nas redes sociais, frisando que “poderá haver uma ou outra pessoa que, mais cegamente vincado por essas palavras, possa partir para ações físicas”.

“Acho que é inadmissível em democracia haver estes apelos à violência“, critica, ao assumir que em Loures “as coisas estão a ficar mais tensas” com este tipo de reações, enquanto pede que PS e PCP retirem a confiança política a José Magalhães e a Rui Francisco por ser “inadmissível que continue a haver ameaças físicas e apelo à violência”.

O candidato social-democrata argumenta que o objetivo da ação de campanha é “tentar mostrar um lado mais de liberdade no concelho do Seixal e não cingirmo-nos apenas a datas, ruas ou personalidades conotadas com a esquerda”. Até porque, realça, em 2018 foi aprovada na Assembleia Municipal uma proposta para alterar os nomes de ruas repetidas — com os votos contra do PCP — e “até à data nada foi feito”.

“A ideia será haver uma forma mais plural e tentar demonstrar ao país que no nosso concelho estamos governados por uma ideologia que ainda faz apelos a regimes autoritários como Cuba, Coreia do Norte e Venezuela”, acrescentou.

Questionado sobre as acusações de proximidade ao Chega com esta proposta, Bruno Vasconcelos desvaloriza e diz tratar-se de uma tentativa de “denegrir o PSD”. “Sentir-me-ia ofendido como se estivessem a dizer que esta é uma campanha tipo PCP ou BE quando apareceu. Acho que os extremos não são o caminho, há sempre o centro direita”, afirma.